Um pai com TAG não “passa” o transtorno diretamente para o filho

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Ter TAG na família aumenta o risco, mas não garante o transtorno. Com apoio, bons hábitos e terapia, é possível prevenir e até romper esse ciclo emocional.

Um pai com TAG não passa o transtorno diretamente para o filho

Não, o TAG não é uma herança garantida. Pode até ser que um pai ou uma mãe ansiosos aumentem as chances de o filho também desenvolver o transtorno, mas isso não é uma regra fixa.

O TAG, transtorno de ansiedade generalizada, não se transmite como cor de olho ou tipo sanguíneo. Existe risco, sim, mas também existem escolhas, hábitos e caminhos que fazem toda a diferença.

Já vi filhos de pais com TAG que cresceram calmos como um lago, e outros que herdaram a agitação da alma como quem carrega uma mochila cheia de pedras.

O que faz a diferença? O que se aprende, como se vive, e o apoio que se busca. É por isso que, mais do que genética, é o cuidado com a saúde mental que determina os rumos da ansiedade.

Se você continuar lendo este artigo, vai entender:

  • Por que ter pais ansiosos não significa virar ansioso também;
  • Quais são os fatores reais que influenciam no surgimento do TAG;
  • Como o ambiente pode ensinar comportamentos ansiosos sem querer;
  • E o mais importante: o que você pode fazer a partir de hoje para cuidar da sua saúde emocional.

1. Se meu pai tem TAG, eu também vou ter?

Não, você não está condenado a ter TAG só porque seu pai tem. Apesar de existir um certo risco maior quando alguém da família já tem o transtorno, isso não quer dizer que você vai ter também.

O TAG, que é a sigla para Transtorno de ansiedade generalizada, não é uma herança garantida, tipo nome ou cor dos olhos. Até há uma tendência, mas o futuro não está escrito, muito menos com letras maiúsculas e tremendo de nervoso!

Vamos deixar isso mais claro? Olha essa tabela aqui:

FatorInfluência no TAG
GenéticaAumenta o risco, mas não decide
Ambiente familiarEnsina ou reforça ansiedades
Estilo de vidaImpacta diretamente o bem-estar
Estratégias de enfrentamentoReduzem ou pioram sintomas

No DSM está bem claro que o TAG não é um transtorno puramente genético, e sim o resultado de muitos fatores juntos.


2. O que causa mesmo o TAG: genética, ambiente ou rotina?

A resposta é: um pouco de tudo isso junto! O transtorno de ansiedade generalizada não tem um culpado único.

Ele é como uma sopa com vários ingredientes: tem um pouco de herança genética, um tanto do ambiente em que a pessoa vive e, claro, o tempero da rotina: como você lida com sono, problemas, alimentação, relações e por aí vai.

Essa mistura funciona assim: quem nasce com uma certa predisposição genética estará mais sensível a desenvolver o TAG. Mas isso só vira um problema se o ambiente reforça isso.

Por exemplo, uma casa com muitos gritos, poucas conversas ou excesso de cobrança. Some isso a uma rotina estressante, sem descanso, sem lazer, com medo o tempo todo… pronto: a ansiedade vira um transtorno.

Quer ver como isso funciona na prática? Dá uma olhada nessa lista:

  • Ter pais ansiosos não significa que você será ansioso.
  • Crescer em um ambiente caótico aumenta o risco de TAG.
  • Dormir mal, viver estressado e não se cuidar piora tudo.
  • Ter apoio, aprender a relaxar e falar sobre o que sente ajuda muito.

Essa resposta vem de vários estudos revisados em manuais como o DSM-5 e também pesquisas sobre psicoterapia baseada em evidências. A ciência hoje entende a saúde mental como um quebra-cabeça: nenhuma peça explica o todo, mas juntas, mostram o quadro completo.

Especialistas vêm estudando como o estilo de vida afeta diretamente o cérebro, e isso é coisa séria, com exames de imagem, testes de intervenção e acompanhamento de milhares de pessoas.


3. Filhos de pessoas com TAG têm mais risco mesmo?

Sim, os estudos mostram que o risco é maior, mas não é regra. Ter um pai ou uma mãe com transtorno de ansiedade generalizada aumenta, sim, a chance do filho também desenvolver o transtorno.

Esse risco maior vem da combinação de dois fatores:

  1. primeiro, uma possível predisposição genética. Aquele jeitinho do cérebro que pode reagir com mais sensibilidade ao estresse;
  2. Segundo, a convivência com comportamentos ansiosos no dia a dia. Se a criança cresce num ambiente onde tudo vira preocupação, onde se evita riscos o tempo todo e há muita tensão, ela pode acabar aprendendo que o mundo é um lugar perigoso.

Quer saber como esse risco funciona?

  • Filhos de pais com TAG têm cerca de 2 a 3 vezes mais chance de desenvolver um transtorno de ansiedade, segundo estudos populacionais.
  • Mas a maioria não desenvolve TAG mesmo assim.
  • Crianças que têm apoio emocional, rotina saudável e aprendem a falar sobre seus sentimentos reduzem bastante esse risco.
  • A presença de um adulto equilibrado na vida da criança (como outro cuidador, avó ou professor) é um fator protetor poderoso.

Essa informação vem de fontes como o DSM-5 e de pesquisas citadas em manuais clínicos, como o “Practitioner’s Guide to Evidence-Based Psychotherapy“.

Neles, os estudos indicam que a hereditariedade existe, mas tem limite: o cérebro é plástico, ou seja, ele se molda com o ambiente e com o que a gente aprende ao longo da vida.

E os terapeutas vêm observando isso direto no consultório. Vi muitos pacientes mudarem sua trajetória ao romper com padrões herdados.


4. Ansiedade pega pelo convívio?

Sim, dá pra aprender a ser ansioso só convivendo com alguém assim. Não é como pegar um resfriado, claro, mas o jeito como a gente aprende a ver o mundo vem muito do ambiente onde crescemos.

Isso acontece porque o nosso cérebro aprende por observação. Desde pequenos, copiamos as atitudes de quem cuida da gente: como eles reagem a problemas, como falam sobre os próprios sentimentos, como enfrentam (ou evitam) desafios.

Se o que a criança vê todos os dias é alguém se desesperando por pequenas coisas, evitando falar em público ou com medo constante de errar, ela incorpora esse padrão sem nem perceber.

É a tal da aprendizagem emocional: não se ensina com palavras, mas com vivência.

Veja esse exemplo em forma de tabela:

Comportamento do cuidadorEfeito na criança
Evita situações por medoA criança aprende a evitar também
Fala sempre em catástrofesA criança vê o mundo como perigoso
Excesso de controle sobre tudoA criança desenvolve insegurança
Mostra como lidar com calmaA criança aprende a regular emoções

Essas observações não são achismos, mas baseadas em estudos de psicologia do desenvolvimento e teoria do apego.

A literatura científica, incluindo manuais como o DSM-5 e trabalhos revisados em psicoterapia baseada em evidências, mostra que o ambiente relacional tem enorme peso na formação emocional da criança.

Inclusive, o cérebro infantil é altamente sensível aos vínculos e aos exemplos, principalmente até os sete anos de idade.


5. Dá pra prevenir o TAG mesmo com histórico na família?

Sim, dá. E mais: você pode fazer isso começando agora. Ter histórico de TAG na família não significa que você está preso a esse destino. Muito pelo contrário: quanto mais você entende sobre o transtorno, mais ferramentas tem para se proteger.

Isso inclui cuidar do corpo, da mente, dos vínculos e das escolhas do dia a dia. Prevenção, nesse caso, não é só uma palavra bonita, é uma prática real que dá resultado.

Essa proteção vem de atitudes simples, mas poderosas:

  • Dormir bem;
  • Se alimentar com equilíbrio;
  • Praticar alguma atividade física;
  • Manter relações saudáveis;
  • Aprender a respirar direito;
  • Falar sobre sentimentos;
  • Procurar ajuda profissional quando necessário.

Essas orientações vêm tanto da prática clínica quanto da ciência. Trabalhei com muitos pacientes que vieram de famílias ansiosas e conseguiram mudar o rumo com pequenas decisões diárias.

A terapia com prática baseada em evidências mostra que a maneira como você lida com suas emoções hoje muda o caminho do seu cérebro no futuro.

E não é papo de autoajuda, não: tem neurociência, tem estudos longitudinais, tem dado pra tudo quanto é lado comprovando isso.


Perguntas frequentes

  1. Ter pai ou mãe com TAG significa que vou ter também?
    Não. Ter parentes com TAG aumenta o risco, mas não garante que você terá o transtorno.
  2. O TAG é genético?
    Parcialmente. A genética influencia, mas o ambiente e o estilo de vida têm papel decisivo.
  3. O que mais influencia no desenvolvimento do TAG?
    Uma combinação de fatores: genética, ambiente familiar e hábitos diários.
  4. Dá para “pegar” ansiedade de quem mora comigo?
    De certo modo, sim. A convivência com alguém ansioso pode ensinar padrões ansiosos de comportamento.
  5. Meu filho está nervoso demais. Ele tem TAG?
    Talvez não. Crianças ansiosas nem sempre têm TAG. É preciso avaliação profissional.
  6. Existe idade certa para o TAG aparecer?
    Não. Pode surgir na infância, adolescência ou vida adulta, dependendo dos fatores de risco.
  7. Como saber se estou desenvolvendo TAG?
    Preste atenção em sintomas como preocupação constante, insônia e tensão muscular, por mais de seis meses.
  8. Existe prevenção para o TAG?
    Sim. Hábitos saudáveis, apoio emocional e autocuidado ajudam muito.
  9. O TAG tem cura?
    Não exatamente. Mas é possível controlar totalmente os sintomas com tratamento adequado.
  10. Fazer terapia ajuda mesmo?
    Com certeza. Terapia, principalmente a cognitivo-comportamental, é altamente eficaz.
  11. Medicamento é sempre necessário?
    Não. Em casos leves, só a terapia pode bastar. Em outros, a medicação complementa.
  12. Posso mudar o futuro dos meus filhos se eu tratar meu TAG?
    Sim! Cuidar da sua saúde emocional melhora o ambiente e ensina boas práticas emocionais.
  13. Criança com TAG pode melhorar com o tempo?
    Sim. Com tratamento adequado e apoio familiar, muitas melhoram muito.
  14. Fazer atividade física ajuda no TAG?
    Ajuda bastante. Mexer o corpo libera substâncias que reduzem a ansiedade.
  15. O que devo fazer se acho que herdei a ansiedade do meu pai?
    Procure um terapeuta. Isso não é destino, mas uma oportunidade de transformar o padrão.

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