5 mitos sobre o atendimento psicológico online. Existem muitos mitos quando se trata do futuro do atendimento psicológico online, especialmente a psicoterapia que envolve o uso de computadores.
Será que, no futuro, estaremos todos conversando por computadores em relação a nossas necessidades de psicoterapia? Não é antiético oferecer um atendimento psicológico online?
Aqui estão os 5 principais mitos sobre o atendimento psicológico online e por que eles estão errados:
No futuro todos farão psicoterapia usando o Skype
A consulta psicológica online e suas intervenções estão intimamente relacionadas. De fato, quando pessoas de outros estados e até mesmo países entram em contato nós fazemos sessões regulares via Skype, e isso funciona bem para todos os envolvidos.
No entanto, aqueles que precisam superar barreiras geográficas e problemas de mobilidade são uma minoria.
Na minha experiência, as sessões do Skype atraem principalmente psicoterapeutas que sonham em trabalhar em casa (ou talvez em algum lugar mais exótico).
Para a maioria dos pacientes, a consulta psicológica online pode oferecer pouco valor agregado em relação às sessões presenciais. Não vejo clínicas de psicologia do mundo real fechando as portas tão cedo.
Os avanços na inteligência artificial substituirão psicoterapeutas reais
Nas últimas décadas, uma importante lição foi aprendida na comunidade de pesquisa em inteligência artificial (IA): para resolver um problema desafiador, raramente a melhor estratégia é se comportar como um humano.
Computadores e humanos têm forças diferentes. Por exemplo, a IBM não projetou o melhor jogador de xadrez do mundo fazendo engenharia reversa no cérebro de um grande mestre.
Em vez disso, eles usaram as habilidades incomparáveis de esmagamento de números de um super computador para avaliar 200 milhões de jogadas possíveis por segundo.
O mesmo raciocínio se aplica à consulta psicológica online. Se a psicoterapia automatizada for uma forma eficaz de tratamento, ela será bem-sucedida concentrando-se em áreas em que os computadores têm vantagens sobre as pessoas, e não projetando uma mente artificial que também faça psicoterapia.
A psicoterapia online é antiética
Já fui confrontado com essa objeção várias vezes. A acusação geralmente é direcionada para intervenções baseadas na Internet em geral. O que mais me surpreende é que alguns críticos são acadêmicos de destaque que escreveram livros de auto-ajuda.
Quando pergunto por que um tratamento online fornecido por um site é menos ético do que o mesmo tratamento em um livro, geralmente recebo a resposta: “eles são apenas diferentes”.
Meu melhor palpite é que essa atitude se deve a uma falta de entendimento das tecnologias envolvidas.
Existem algumas questões éticas legítimas que merecem atenção. Quem é responsável se uma pessoa deprimida cometer suicídio após concluir um programa de psicoterapia online?
Essa questão espinhosa precisa ser abordada tanto do ponto de vista jurídico quanto ético, e não pretendo ter a resposta. No entanto, eu argumentaria que esse não é um problema novo: o autor de um livro de auto-ajuda é responsável pelas ações de seus leitores?
Também vale a pena considerar riscos versus recompensas e as consequências da inação. Existem inúmeras pessoas em todo o mundo que vivem com doenças mentais debilitantes, mas tratáveis, devido à falta de acesso ao tratamento.
Com isso eu argumentaria que é antiético não buscar o desenvolvimento de novos métodos de oferta de tratamento.
Saiba mais sobre o CÓDIGO DE ÉTICA DO PSICÓLOGO e sobre a RESOLUÇÃO CFP 11/2018 que Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação.
Atendimento psicológico online é apenas para jovens
Algumas pessoas assumem que as psicoterapias online são principalmente para jovens e especialistas em tecnologia. Isto não podia estar mais longe da verdade.
Graças à Apple, as interfaces de usuário intuitivas percorreram um longo caminho nos últimos anos, e é necessário um conhecimento técnico mínimo para operar os dispositivos mais recentes.
Alguns dos melhores resultados que eu já vi para sistemas de psicoterapia online são obtidos com pessoas de idade mais avançada, incluindo aqueles com mais de 70 anos.
Pode ser que as pessoas mais velhas que convivem com um problema por muitos anos tenham maior motivação, paciência e disciplina necessárias para trabalhar sozinhas com psicoterapias online.
As novas tecnologias deixarão psicoterapeutas humanos desempregados
Eu conheci vários psicoterapeutas que se opõem ao atendimento psicológico online e a tratamentos computadorizados por razões não relacionadas a quaisquer considerações éticas.
No geral, acho que os profissionais estão ficando mais à vontade com a ideia, mas ainda há bolsões de resistência. Suponho que essas pessoas tenham medo de perder o emprego ou se ofendam com a própria ideia de que podem ser substituídas por um algoritmo. Nos dois casos, as preocupações são infundadas.
Como observado no mito número 2, o objetivo do atendimento psicológico online não é replicar e substituir os seres humanos, mas encontrar maneiras novas e eficazes de disseminar tratamentos para aqueles que precisam deles.
Segundo, sempre haverá situações em que a psicoterapia online não é uma alternativa apropriada ao atendimento psicológico presencial.
Terceiro, a história nos ensinou que as novas tecnologias geralmente complementam as técnicas tradicionais, em vez de substituí-las.
Finalmente, acredito que o tratamento em saúde mental como um todo se beneficiará do conhecimento adquirido através da pesquisa e desenvolvimento de sistemas computadorizados.
Há uma grande demanda por novos desenvolvimentos nessa área. Na minha opinião, o maior risco que enfrentamos é que o vazio seja preenchido por oportunistas não qualificados.
Como profissionais de saúde mental precisamos ser os que impulsionam a tecnologia para garantir um alto padrão de atendimento.
Até a próxima !