Manter a regularidade nas sessões de psicoterapia nem sempre é fácil. Imprevistos do dia a dia, momentos de desmotivação, conflitos de agenda ou até dúvidas sobre a importância da assiduidade podem levar o paciente a faltar ocasionalmente. Nesses casos, surge a pergunta: devo pagar pela sessão que não compareci?
A cobrança por ausência em sessão de psicoterapia – ou seja, o pagamento por sessão de psicoterapia não comparecida – é uma prática comum, mas que gera muitas dúvidas e até desconforto.
Este artigo explicativo e informal vai esclarecer por que muitos psicoterapeutas cobram por faltas, em que situações isso é ético e legal, e quais são os direitos e deveres de pacientes e profissionais. Abordo os fundamentos éticos, legais e contratuais dessa cobrança, destacando a importância de um contrato claro e de uma comunicação transparente para definir regras de cancelamento e pagamento.
Ao final, dou dicas práticas para você, paciente, negociar ou prevenir problemas, e uma reflexão sobre o compromisso com seu processo terapêutico.
Por que os psicoterapeutas cobram por faltas?
Se você já se perguntou por que precisa pagar por sessão de psicoterapia perdida, saiba que não está sozinho. Muitos pacientes estranham ter que arcar com honorários por não comparecimento em sessão de psicoterapia, afinal, “não usei o serviço, por que pagar?”.
Essa cobrança não é uma punição, mas sim parte dos acordos profissionais que mantêm a viabilidade da prática clínica e a seriedade do tratamento. Inclusive, muitos psicoterapeutas deixam claro desde o início que trabalham dessa forma, equiparando a outros serviços: por exemplo, se você reserva uma vaga num curso ou paga uma mensalidade de academia, a ausência não dá direito a reembolso – pois o serviço estava à sua disposição, cabia a você usufruir.
Na psicoterapia, contrata-se um horário na agenda do profissional, e não exatamente uma “cura” ou um resultado. Assim, mesmo que você não compareça, aquele período de tempo (que é o serviço oferecido) esteve reservado para você e, portanto, pode ser cobrado.
Aquela hora estava reservada exclusivamente para você – e não pode ser realocada em cima da hora para outra pessoa. Assim, é normal e muito comum que psicoterapeutas cobrem o valor de uma sessão que foi perdida.
Essa prática existe por alguns motivos importantes:
Valorização do tempo do profissional
O horário que você reservou poderia ser utilizado para atender outro paciente ou para outra atividade profissional. Quando há uma falta sem aviso, o psicoterapeuta fica com aquele tempo ocioso inesperadamente.
Leia também:
Como aponta um artigo informativo, o tempo é valioso e, se o paciente falta, “está tirando a vaga de outra pessoa disposta a aparecer e pagar pelo horário”. Em outras palavras, há um custo de oportunidade envolvido.
Compromisso com o processo psicoterapêutico
A psicoterapia é um processo que depende da regularidade. Faltas frequentes quebram o ritmo do tratamento e atrasam ou prejudicam seu progresso. Do ponto de vista do profissional, cobrar pelas faltas também é uma forma de incentivar a assiduidade e sinalizar a importância do compromisso.
Levar a terapia a sério (inclusive em termos de presença) faz parte dos acordos psicoterapêuticos, evitando que o paciente “desperdice o próprio tempo e dinheiro” e garantindo melhores resultados.
Reciprocidade e respeito a outros pacientes
Quando você falta sem avisar, não é apenas o psicoterapeuta que perde – outros pacientes que precisavam de horário também perdem a chance de utilizá-lo. Muitos profissionais têm fila de espera ou agenda apertada.
Se você desmarca em cima da hora ou simplesmente não aparece, dificilmente outro paciente conseguirá ocupar aquele horário vago. Por isso, a cobrança pela falta sem aviso prévio também reflete consideração pelos demais pacientes que estão aguardando atendimento.
Cobrança legítima: contrato claro, ética profissional e respeito ao consumidor
Diante do exposto, fica claro por que existe a cobrança por faltas na psicoterapia. Mas em quais condições essa cobrança é considerada legítima e justa? Posso resumir em três pilares principais:
Contrato claro
Tudo começa com um acordo explícito entre psicoterapeuta e paciente. As regras de pagamento por ausência devem constar em contrato ou termo de consentimento informado, apresentado já no início do tratamento.
Se estiver previamente combinado em documento (ou mesmo por escrito via e-mail/WhatsApp) que faltas sem aviso ou cancelamentos tardios serão cobrados, ambas as partes estão cientes e de acordo.
Nesse caso, a cobrança é considerada válida. Por outro lado, se não houver acordo prévio, a falta não pode ser cobrada – do contrário, o profissional pode incorrer em infração ética.
Em resumo, você só deve pagar por faltas se isso foi combinado claramente desde o início. Transparência é fundamental: cabe ao psicoterapeuta explicar sua política de cobrança por faltas e ao paciente tirar quaisquer dúvidas antes de concordar.
Está gostando do conteúdo? Dê o primeiro passo em direção ao seu bem-estar emocional
Ética profissional
O código de ética profissional do psicólogo e diretrizes de boas práticas recomendam que honorários e condições de pagamento sejam estabelecidos de forma clara e honesta logo no começo do acompanhamento.
Por exemplo, a American Psychological Association (APA) orienta que psicólogos e pacientes cheguem a um acordo sobre compensação e cobrança o mais cedo possível na relação psicoterapêutica.
Ou seja, é dever ético do psicoterapeuta ser franco sobre valores e políticas de cancelamento, evitando surpresas. Além disso, ele deve agir com bom senso e empatia: situações excepcionais devem ser consideradas (como veremos adiante) e a aplicação da regra deve ser isenta, sem tratamentos preferenciais ou punitivos.
Do ponto de vista ético, cobrar uma sessão não realizada somente é aceitável se for feito de forma profissional, justa e previamente acordada. Se o psicoterapeuta inventar cobranças de última hora ou for flexível com uns pacientes e rígido com outros sem critério, ele estaria ferindo princípios de justiça e responsabilidade profissional.
Respeito ao consumidor
No Brasil, a relação entre psicoterapeuta e paciente também é uma relação de consumo (prestação de serviço de saúde), portanto é regida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
O CDC exige informação adequada e clara sobre o serviço contratado, proíbe cláusulas abusivas e assegura direitos básicos ao consumidor (paciente) como transparência e boa-fé. Isso significa que a política de faltas não pode lesar o paciente de forma desproporcional ou oculta.
Você tem direito de saber exatamente em quais condições pagará por uma sessão não realizada. Além disso, eventuais taxas ou multas devem ser razoáveis: cobrar um valor igual ou maior que o da sessão seria considerado prática abusiva, já que o serviço não foi efetivamente prestado.
Portanto, a cobrança deve se limitar a compensar o profissional pelo prejuízo da ausência, sem nunca penalizar exageradamente o paciente. Respeitar o consumidor também implica permitir cancelamentos com certa antecedência sem custo (pois é direito do cliente desistir do serviço antes de sua execução, dentro de limites razoáveis).
Em suma, uma cobrança por falta ajustada aos princípios do CDC será previamente informada, razoável (nunca exorbitante) e adequada às perdas causadas pela ausência, evitando qualquer vantagem excessiva do fornecedor de serviço sobre o cliente.
Pilar | O que significa | Por que é importante |
---|---|---|
Contrato claro | Regras definidas e aceitas por escrito | Garante transparência e evita surpresas |
Ética profissional | Alinhamento com o Código de Ética do psicólogo | Impede abusos e assegura bom senso na relação terapêutica |
Respeito ao consumidor | Cumprimento do Código de Defesa do Consumidor (CDC) | Protege o paciente contra cobranças excessivas ou injustas |
Quando esses três pilares – contrato claro, ética profissional e respeito ao consumidor – são observados, a cobrança por cancelamento tardio de sessão de psicoterapia ou por ausência torna-se uma prática legítima e consensual. O paciente entende as regras do jogo desde o início e o psicoterapeuta age com transparência e justiça na sua aplicação.
Modelos comuns de política de cancelamento e falta
Cada psicoterapeuta adota regras próprias para faltas e cancelamentos, contanto que respeitem os princípios acima. Porém, na prática, muitas políticas são parecidas. Geralmente, a diferença chave está em com quanta antecedência você precisa avisar que não poderá comparecer para não ser cobrado.
A seguir, apresento um quadro com modelos comuns de política de cobrança por faltas em psicoterapia:
Situação do cancelamento/ falta | Regra comum praticada |
---|---|
Cancelamento com antecedência (dentro do prazo acordado, ex: ≥ 24h antes) | Não há cobrança. Você pode remarcar a sessão sem custo, pois avisou com a antecedência mínima. |
Cancelamento tardio (aviso menos de 24h antes da sessão) | Cobrança parcial ou total da sessão. Depende do que foi combinado no contrato – muitos profissionais cobram o valor inteiro se o aviso for em cima da hora, enquanto outros podem cobrar uma porcentagem (%). |
Falta sem aviso prévio (no-show, não comparece e não avisa) | Cobrança do valor integral da sessão agendada. Como não houve aviso, caracteriza falta injustificada e normalmente é cobrado 100% do honorário. |
Exceções por emergência (motivos de força maior, doença, imprevisto grave) | Isenção negociada. Alguns abrem exceção e não cobram a sessão perdida em casos excepcionais, desde que o você comunique a situação assim que possível. |
Obs: Os prazos acima (24 horas, por exemplo) podem variar. Há psicoterapeutas que estipulam 48 horas de antecedência para cancelamento sem cobrança, especialmente em contextos de agenda muito concorrida. Outros trabalham com lista de espera e conseguem realocar pacientes de última hora, sendo um pouco mais flexíveis.
Porém, a regra de “avisou dentro do prazo, não paga; avisou depois ou não avisou, paga” é a mais comum. Um modelo bastante difundido é exatamente o de 24 horas de antecedência. Por exemplo, muitos contratos trazem uma cláusula semelhante a: “uma vez que o agendamento da sessão envolve reservar aquele horário para você, é necessário aviso de no mínimo 24 horas para cancelar ou remarcar; se você faltar ou cancelar com menos de 24 horas de antecedência, o valor total da sessão será cobrado”
Em outras palavras, cancelou até o dia anterior, tudo bem; cancelou no mesmo dia ou faltou, paga. Esse tipo de política é até mesmo recomendado por plataformas de aconselhamento profissional: de acordo com o CDC, você tem o direito de desmarcar a consulta sem custos desde que faça isso com antecedência, enquanto a falta injustificada pode acarretar cobrança conforme as condições pactuadas.
Mesmo com regras definidas, muitos adotam certa flexibilidade em situações pontuais. Exceções costumam existir, principalmente por questões humanitárias ou de boa fé na relação psicoterapêutica. Não é incomum que a primeira falta de um novo paciente não seja cobrada, servindo como oportunidade para reforçar a política e assegurar que dali em diante o cliente esteja ciente da regra.
Além disso, casos de emergência reais (um acidente, um adoecimento repentino, uma situação familiar grave) muitas vezes não serão cobrados, a critério do profissional, desde que você comunique o ocorrido tão logo seja possível.
Por exemplo, se você sofreu um imprevisto sério no dia da sessão, a maioria dos psicoterapeutas terá bom senso e não penalizará financeiramente essa ausência justificada. Porém, atenção: mesmo em cenários excepcionais, espera-se que você avise o psicoterapeuta – se simplesmente não aparecer sem nenhuma notícia, ele entenderá que não houve justificativa e manter a cobrança.
É justo pagar por sessão de psicoterapia não realizada?
Em resumo, pagar por sessão não realizada é mais justa quando as regras são claras. Quando isso falha – seja pela falta de clareza, seja por uma rigidez excessiva – você tem o direito de questionar.
Busque sempre primeiro o diálogo direto e, se não houver resolução, conheça seus direitos legais. Mas, na maioria dos casos, com boa comunicação e respeito mútuo, evita-se que a situação chegue a um conflito maior.
Vamos analisar algumas situações em que a cobrança pode (ou não) ser contestada do ponto de vista do paciente:
Ausência de contrato ou aviso prévio da política
Se não ficou estabelecido previamente que faltas seriam cobradas, essa cobrança se torna questionável. Como visto, a ética profissional e o direito do consumidor exigem contrato claro.
Então, se o psicoterapeuta nunca mencionou nada sobre cobrar falta e de repente tenta cobrar quando você falta, você tem razão em estranhar. Nessa situação, vale conversar e lembrar que não houve acordo prévio sobre a cobrança, o que a torna indevida e possivelmente até infração ética pelo código da categoria.
Muitos profissionais, inclusive, seguem a orientação de só cobrar faltas depois que o paciente já foi informado claramente. Alguns chegam a esperar acontecer a primeira falta para explicar a política (num cenário em que esqueceram de combinar antes) – e, nessas situações, só cobram a partir da próxima sessão, não daquela primeira ausência.
Em suma, se faltou e você nunca foi comunicado antecipadamente sobre essa possibilidade de cobrança, questione com tranquilidade, pois o correto seria não cobrarem de você.
Falta por motivo de força maior
Imprevistos acontecem e o próprio profissional sabe disso. Se você teve um motivo de força maior para faltar (por exemplo, um problema de saúde súbito, um acidente, uma emergência familiar) e avisou assim que possível, muitos psicoterapeutas vão isentar a cobrança ou negociar uma solução amigável.
Caso o psicoterapeuta ainda assim insista em cobrar integralmente, avalie se isso estava no contrato e se está sendo razoável. Argumente que houve um caso excepcional e apele para o bom senso. Não há uma lei que obrigue o profissional a abrir exceção, mas o respeito ao consumidor sugere que contratos muito rígidos, sem considerar nenhum caso excepcional, são vistos como abusivos dependendo da situação.
O ideal é o equilíbrio: você, como paciente, cumpre avisar e comprovar o motivo (se for necessário), e o psicoterapeuta avalia com empatia.
Se sentir que a cobrança foi injusta mesmo após você explicar a situação, manifeste sua insatisfação e tente um acordo (por exemplo, pagar apenas parte do valor, ou ter um desconto na próxima sessão).
Lembre-se de manter o diálogo respeitoso – muitas vezes o psicoterapeuta apenas segue a política padrão, mas diante de uma solicitação sincera do paciente, ele pode reconsiderar.
Valor ou multa desproporcional
Outra situação em que a cobrança deve ser contestada é quando o valor cobrado é excessivo ou não previsto. Por exemplo, imagine que a sessão custa R$200 e, em caso de falta, o profissional queira cobrar R$300 como “multa”. Isso claramente não é justo nem legal, pois excede o valor do serviço.
O Código de Defesa do Consumidor presumiria essa cláusula como abusiva, por colocar o paciente em desvantagem exagerada. Conforme a recomendação jurídica que citei, a cobrança por falta “jamais poderá ser maior ou no mesmo valor da consulta marcada, pois o serviço não foi prestado, portanto, é prática abusiva”.
Ou seja, cobrar mais do que 100% do valor da sessão é inadmissível; e cobrar 100% exatos já é o limite máximo aceitável. Se no seu caso houver alguma cláusula estranha, como cobrança de valor cheio mesmo avisando com antecedência, ou multa maior que o preço da consulta, desconfie e questione.
Você tem todo o direito de pedir esclarecimentos e se recusar a pagar por algo abusivo. Numa situação assim, procure apoio em órgãos de defesa do consumidor (PROCON) ou no Conselho Regional de Psicologia, se necessário, pois o contrato pode estar ferindo seus direitos.
Falta de reciprocidade do profissional
A relação psicoterapêutica deve ter via de mão dupla no compromisso. O psicoterapeuta também deve cumprir horários e comunicar eventuais cancelamentos de sua parte.
Vale lembrar: se o psicoterapeuta faltar ou cancelar uma sessão, você não deve pagar nada por ela, obviamente – e se já tivesse pago antecipadamente, ele deve oferecer reposição ou restituição. Esse equilíbrio é importante.
Então, se houver um cenário em que o profissional cancela em cima da hora com frequência, mas exige pontualidade do pagamento nas suas faltas, cabe uma conversa sobre reciprocidade. Não que um erro justifique o outro, mas respeito gera respeito.
Felizmente, a maioria dos psicoterapeutas é bastante responsável com seus horários; se não for o caso, repense a continuação do tratamento ou negocie condições diferentes.
Quebra de confiança ou comunicação ruim
Por fim, avalie o contexto da relação psicoterapêutica. Às vezes, o problema não é a regra em si, mas como ela foi comunicada ou aplicada. Se você se sente injustiçado, traído ou incompreendido em relação a uma cobrança, isso abalará a confiança no psicoterapeuta.
Em vez de acumular ressentimento (e talvez abandonar a psicoterapia em silêncio), é mais saudável trazer esse incômodo para a conversa. Um bom profissional vai ouvir suas queixas e explicar seus motivos, chegando quem sabe a um meio-termo. Contestação não precisa ser confronto: encare como parte do processo de estabelecer limites claros entre vocês.
Situação | Pode contestar? | Motivo |
---|---|---|
Não há contrato ou cláusula informando cobrança | Sim | Falta de acordo prévio fere ética e CDC |
Valor cobrado excede o valor da sessão | Sim | Cobrança desproporcional é considerada abusiva |
Emergência imprevista foi comunicada | Possivelmente | Profissionais costumam abrir exceções em casos justificados |
Cancelamento avisado dentro do prazo combinado | Sim | Não pode haver cobrança se o combinado foi respeitado |
Falta foi provocada pelo terapeuta | Sim | O paciente não deve arcar com ausências do profissional |
Dicas práticas: negociando e evitando problemas
Informação e comunicação são suas aliadas. Saber de antemão a política de cobrança por cancelamento tardio de sessão, planejar-se para cumprir os combinados e manter um diálogo aberto em caso de imprevistos são atitudes que evitam a grande maioria dos problemas. Assim, você protege tanto seu bolso quanto a relação terapêutica, podendo focar no que realmente importa: seu crescimento pessoal durante a terapia.
Agora que você compreendeu melhor como funciona a cobrança por faltas na psicoterapia e quais são seus direitos e deveres, vamos a algumas orientações práticas:
Leia o contrato/termo de consentimento
No início, provavelmente seu psicoterapeuta apresentará um contrato ou termo de consentimento. Leia esse documento com atenção, pois ali devem constar as regras de pagamento por ausência. Se algo não ficar claro (por exemplo, qual o prazo para cancelamento sem cobrança, ou qual o valor cobrado em caso de falta), pergunte diretamente. É melhor esclarecer no começo do que ser pego de surpresa depois.
Lembre-se: contrato assinado significa concordância – então só assine estando ciente de tudo. Caso o profissional não mencione nada, não hesite em você mesmo levantar a questão: “Como funciona se eu precisar desmarcar uma sessão? Tenho que pagar se isso acontecer?”. Essa iniciativa mostra que você está comprometido e quer evitar mal-entendidos.
Anote e respeite a política de cancelamento
Depois de sabido qual o prazo mínimo para avisar uma ausência (24h, 48h, etc.), faça o possível para cumpri-lo rigorosamente. Coloque lembretes no celular, agenda ou onde preferir, um dia antes da sessão, para decidir se vai conseguir ir.
Se perceber que não poderá comparecer, comunique o mais cedo possível. Mesmo que esteja fora do prazo de isenção de cobrança, avise assim que souber – é uma demonstração de consideração. Conforme discutido, se avisar com antecedência (dentro do prazo estipulado) você não será cobrado e ainda permite que o psicoterapeuta reorganize a agenda.
Seja transparente sobre imprevistos
Caso ocorra uma emergência ou algo fora do seu controle, informe seu psicoterapeuta assim que puder. Você não precisa entrar em detalhes pessoais se não quiser, mas dê uma satisfação básica (“Tive um problema de saúde”, “Ocorrreu uma urgência no trabalho/família”, etc.). Bons profissionais compreenderão situações genuinamente excepcionais e poderão relevar a cobrança nessa ocasião.
Isso funciona melhor quando você tem um histórico de boa comunicação. Sumir e só dar explicação na sessão seguinte (ou quando questionado) não causa boa impressão.
Portanto, se possível, envie uma mensagem ou ligue explicando o ocorrido. Além de demonstrar respeito, você poupa seu psicoterapeuta de ficar preocupado – afinal, muitos ficam aflitos pensando se algo grave lhe aconteceu.
Combine reposições ou alternativas
Algumas vezes, mesmo faltando, é viável minimizar o prejuízo para ambos. Por exemplo, se você sabe com antecedência que não poderá ir na próxima semana, tente ver se dá para remarcar para outro dia/horário próximo. Nem sempre será possível, mas não custa tentar.
Outra alternativa, se ambos concordarem, é fazer a sessão de forma online (vídeo chamada) naquele horário reservado, caso o problema seja você não poder se deslocar até o consultório.
Durante a pandemia de COVID-19, muitos se adaptaram às sessões virtuais emergencialmente. Hoje geralmente é utilizado como plano B – por exemplo, se você está com uma gripe leve, em casa, ao invés de simplesmente faltar, pode propor manter a sessão remotamente.
Essa flexibilidade (quando viável) faz com que você não perca o andamento da psicoterapia nem o investimento financeiro da sessão. Novamente, tudo depende de conversar abertamente com o psicólogo e ver o que é possível dentro das regras dele.
Gerencie sua motivação e agenda
Se você tem enfrentado desmotivação para ir à psicoterapia, ou sente vontade de faltar com frequência, procure não “sabotar” o processo simplesmente não indo. Esse sentimento é importante de ser discutido na própria sessão.
Seja sincero com seu psicoterapeuta: diga que você está desmotivado, ou questione o andamento do tratamento, em vez de começar a faltar sem explicação. Isso permitirá trabalhar essas questões (que podem fazer parte do processo de melhoria).
Da mesma forma, se sua agenda está conflitando muito (ex: trabalho instável, mudanças de horário constantes), traga essa preocupação. Talvez vocês consigam juntos pensar em outro horário fixo mais adequado, ou alguma solução temporária.
Alguns profissionais têm horários alternativos ou listas de encaixe que ajudam nesses casos. O importante é não deixar de comparecer por receio ou vergonha de conversar sobre o problema – a psicoterapia é um espaço aberto para dialogar sobre dificuldades, inclusive dificuldades em cumprir a própria psicoterapia!
Negocie condições se necessário
Caso você já tenha um relacionamento de confiança com seu psicoterapeuta e passe por um período atípico (por exemplo, meses com muitas viagens a trabalho, ou questões financeiras dificultando pagar faltas), não hesite em negociar. Alguns pacientes combinam esquemas diferenciados, como pagar mensalmente um valor fixo que já considera possíveis faltas, ou um “banco de horas”.
Outros combinam tolerância para X faltas por semestre sem cobrança. Tudo depende do profissional e do vínculo que construíram. É claro que nem sempre será possível mudar as regras no meio do jogo, mas expor suas necessidades pode levar a acordos personalizados.
O psicoterapeuta prefere ajustar algo do que perder você como paciente – então se a política padrão estiver inviabilizando sua continuidade, converse antes de tomar a decisão de parar. Muitas vezes há abertura para acordo, sim.
Em caso de cobrança questionável, dialogue
Se apesar de todo cuidado acontecer um atrito – por exemplo, você achou que avisou dentro do prazo, mas o psicoterapeuta entendeu que não, e insiste na cobrança – mantenha a calma e converse. Relembre juntos o que foi combinado, mostre sua perspectiva (às vezes um desencontro de comunicação gera mal-entendido) e escute a explicação do profissional.
O tom deve ser de colaboração, não de confronto, buscando resolver o problema. Evite faltar ao respeito ou agir impulsivamente (como simplesmente se recusar a pagar sem explicar por quê).
Na maioria das vezes, um bom senso de ambos os lados resolve o impasse. Se não resolver e você se sentir realmente lesado, aí sim, em último caso, busque auxílio externo: procure orientação do PROCON da sua cidade ou do Conselho Regional de Psicologia sobre como proceder. Mas esse costuma ser o último recurso – raramente chega a tanto quando há boa fé de ambos os lados.
Ação recomendada | Por que fazer isso? |
---|---|
Ler o contrato e tirar dúvidas | Evita cobranças inesperadas |
Avisar com antecedência | Permite remarcação sem custo e demonstra respeito |
Explicar imprevistos com honestidade | Pode gerar compreensão e isenção da cobrança |
Negociar casos excepcionais | Ajuda a manter a continuidade do tratamento |
Conversar sobre desmotivação | Previne abandono silencioso da terapia |
Palavras finais
Ter que pagar por sessões não realizadas não é algo que agrade a ninguém, mas pode ser visto como parte do arcabouço do tratamento, uma forma de reforçar a seriedade do processo.
Quando você assume a psicoterapia, está assumindo um acordo que envolve tempo, dedicação e, sim, um investimento financeiro. Honrar esse acordo (comparecendo ou avisando corretamente quando não puder) é uma forma de honrar a si mesmo e o objetivo que te levou a buscar ajuda profissional.
Por parte do psicoterapeuta, a existência de uma política de faltas deixa claro que ele leva seu trabalho a sério e espera o mesmo de você. Ele reservou aquele horário – então valorizar esse compromisso mútuo é fundamental.
O psicoterapeuta é seu aliado, não um adversário. Se a questão financeira das faltas te aflige, converse abertamente com ele.
Pagar por uma sessão que você não pôde comparecer parece estranho inicialmente, mas dentro de um contexto de contrato claro, ética e respeito, faz sentido e contribui para a responsabilidade no tratamento. Ao aceitar essas condições de forma consciente, você fortalece seu compromisso com a psicoterapia e, consequentemente, consigo mesmo.
Então, valorize suas sessões, comunique-se sempre e siga em frente na sua jornada de autoconhecimento – com assiduidade, honestidade e parceria com seu psicoterapeuta.
Perfeito! Abaixo segue a seção de referências do artigo, formatada conforme as normas da ABNT (NBR 6023/2018). Incluí todas as fontes mencionadas ou indicadas no conteúdo, com links ativos sempre que possível:
Referências
- ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSICOLOGIA (APA). Ethical Principles of Psychologists and Code of Conduct: Standard 6.04 Fees and Financial Arrangements. Washington, DC, 2017. Disponível em: https://www.apa.org/ethics/code. Acesso em: 06 maio 2025.
- BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. Acesso em: 06 maio 2025.
- CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Código de Ética Profissional do Psicólogo. Brasília, 2005. Disponível em: https://site.cfp.org.br/codigo-de-etica-profissional-do-psicologo/. Acesso em: 06 maio 2025.
- ICLINIC. Psicólogo pode cobrar por falta em sessão? Veja como agir. iClinic Blog, 2023. Disponível em: https://blog.iclinic.com.br/psicologo-pode-cobrar-falta/. Acesso em: 06 maio 2025.
- JUSBRASIL. Cobrança por consulta médica não comparecida. Jusbrasil, 2021. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/cobranca-por-consulta-nao-comparecida. Acesso em: 06 maio 2025.
- JUSBRASIL. Cobrança de sessão de psicoterapia desmarcada com menos de 24h é legal?. Jusbrasil, 2022. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/cobranca-de-sessao-desmarcada. Acesso em: 06 maio 2025.
- PSICOMED. Psicólogos podem cobrar sessões que o paciente falta? PsicoMed, 2022. Disponível em: https://www.psicomed.com.br/blog/psicologo-pode-cobrar-falta/. Acesso em: 06 maio 2025.
- POR QUE SERÁ?. Psicólogo pode cobrar por sessão não realizada? Por que será?, 2021. Disponível em: https://www.porquesera.com.br/psicologo-cobrar-sessao-nao-realizada/. Acesso em: 06 maio 2025.
- TERAPIZE. Política de cancelamento e reagendamento das sessões. Terapize, 2024. Disponível em: https://www.terapize.com.br/faq/politica-de-cancelamento. Acesso em: 06 maio 2025.
Deixe um comentário