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Psicoterapia baseada em evidências.

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Como escolher a melhor psicoterapia para o seu problema?

Como escolher a melhor psicoterapia para o seu problema?

A psicoterapia é uma das jornadas mais transformadoras da vida, e escolher o caminho certo é o primeiro passo para trilhá-la com segurança e confiança.


Ao longo dos anos, a psicoterapia desenvolveu diversas abordagens para lidar com o sofrimento humano, algumas mais estruturadas e baseadas em evidências científicas, outras com foco em experiências subjetivas e desenvolvimento pessoal.

Saber diferenciar essas abordagens não significa julgar uma como “melhor” que outra, mas compreender quais são mais indicadas para determinados problemas, objetivos ou perfis pessoais. Por exemplo, alguém que busca alívio rápido para sintomas de ansiedade se beneficiará de uma abordagem diferente daquela indicada para quem deseja explorar traumas antigos ou questões existenciais profundas.

A literatura científica recente mostra que nem todas as abordagens psicoterápicas produzem o mesmo tamanho de efeito quando comparadas ao não fazer nada e deixar o tempo passar.

Este artigo foi pensado especialmente para o público leigo, que não possui formação na área da saúde mental, mas deseja tomar uma decisão consciente e informada. Aqui, você encontrará explicações claras sobre:

  • O que caracteriza cada abordagem;
  • Sua eficácia;
  • Quando são mais indicadas, e;
  • Como avaliar a formação do psicoterapeuta, o custo-benefício do tratamento e a sintonia com o profissional.

A psicoterapia é uma das jornadas mais transformadoras da vida, e escolher o caminho certo é o primeiro passo para trilhá-la com segurança e confiança.


O que é uma abordagem psicoterapêutica?

Quando falamos em psicoterapia, é comum imaginar que todo psicoterapeuta atua da mesma forma. No entanto, a psicologia é composta por diversas abordagens, ou seja, linhas teóricas que explicam de maneiras diferentes como surgem os sofrimentos psíquicos e como lidar com eles.

Cada abordagem tem sua própria forma de entender as emoções, os pensamentos e os comportamentos humanos, além de estratégias específicas para promover o bem-estar e a mudança.

Algumas abordagens são mais estruturadas e focadas em resolver problemas concretos, como é o caso da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais.

Outras, como a Psicanálise, buscam compreender os conteúdos inconscientes, os sonhos, os conflitos internos e as vivências passadas. Existem também abordagens centradas na vivência do momento presente, como a Gestalt-terapia, ou no sentido da vida, como a Logoterapia.

Escolher uma abordagem não significa escolher uma “filosofia”, mas sim compreender que o psicoterapeuta usará ferramentas diferentes dependendo da escola que segue. Por exemplo:

Leia também:

  • Em uma sessão com um psicoterapeuta comportamental, é comum o uso de tarefas e técnicas mais práticas;
  • Em uma abordagem existencial, o foco está em escutar, refletir e promover o autoconhecimento.

Ainda que as abordagens sejam diferentes, todas têm o mesmo objetivo: ajudar o indivíduo a lidar melhor com seu sofrimento e a desenvolver recursos internos para viver com mais autonomia, equilíbrio e sentido. A boa notícia é que não existe apenas um caminho eficaz, mas diferentes formas de ajuda, e a mais adequada será aquela que fizer sentido para você e seu momento de vida.


Psicoterapias com foco na ciência

Algumas abordagens foram submetidas a dezenas ou centenas de estudos clínicos controlados, que analisam sua eficácia para problemas específicos, como depressão, ansiedade ou insônia.

Essas abordagens são chamadas de “baseadas em evidências” e se destacam por seus resultados consistentes em diferentes contextos. Confiar na ciência, nesse caso, significa optar por métodos que passaram pelo crivo da pesquisa e demonstraram benefícios reais para a saúde mental.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais estudada e validada em todo o mundo. Ela foca na relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o paciente a identificar padrões disfuncionais e a desenvolver estratégias mais saudáveis de enfrentamento.

Estudos mostram que a TCC é altamente eficaz e com resultados visíveis em poucas semanas no tratamento de:

Outra abordagem com forte base científica é a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Ela ensina o paciente a lidar melhor com emoções difíceis e a se comprometer com ações alinhadas aos seus valores pessoais.

A ACT tem mostrado eficácia significativa em casos de ansiedade, estresse, dor crônica e depressão, especialmente quando o objetivo não é eliminar sintomas, mas viver de forma mais plena apesar deles. É uma terapia indicada para quem busca flexibilidade emocional e autocompaixão.

Também se destaca a Terapia Racional-Emotiva Comportamental (REBT), que trabalha na identificação e reestruturação de crenças irracionais que geram sofrimento emocional. Com forte embasamento empírico, a REBT é eficaz em uma ampla gama de transtornos emocionais.

Essas abordagens baseadas em evidências não são “receitas prontas”, mas métodos que se mostraram funcionais e adaptáveis a diferentes realidades e oferecendo, com segurança, uma direção clara para o processo terapêutico.


Psicoterapias com foco na experiência e no autoconhecimento

Nem todas as pessoas procuram a psicoterapia com o objetivo de “curar” um transtorno específico. Muitas buscam compreender melhor quem são, viver com mais autenticidade ou atravessar fases de transição, como luto, mudanças de carreira ou crises existenciais.

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Nesses casos, abordagens que valorizam a experiência subjetiva, a escuta profunda e o encontro humano, como a Gestalt-terapia, a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) ou a Psicologia Analítica oferecem um espaço seguro e transformador.

Essas terapias não seguem protocolos rígidos nem se baseiam exclusivamente em diagnósticos. Elas priorizam a construção de sentido, o desenvolvimento da consciência de si e o contato com as emoções no aqui e agora.

O psicoterapeuta não assume uma posição de especialista que “cura” o paciente, mas sim de parceiro de jornada, ajudando a pessoa a se ouvir com mais profundidade e a se responsabilizar pelas próprias escolhas. É um caminho de autodescoberta, não de correção.

Embora essas abordagens nem sempre tenham o mesmo volume de estudos científicos que terapias baseadas em evidências (como a TCC), elas têm forte valor clínico e histórico.

Muitas pessoas relatam mudanças significativas em sua autoestima, criatividade, relacionamentos e sensação de propósito. A eficácia, nesse caso, se mede mais pelo impacto existencial do que por escalas de sintoma. São especialmente úteis em contextos de busca por sentido, reconstrução pessoal ou aprofundamento da identidade.

Se você sente que está em busca de um espaço para se escutar com mais liberdade, sem se sentir pressionado a se encaixar em rótulos, essas abordagens são uma boa escolha. Elas são particularmente indicadas para quem deseja ampliar a consciência, elaborar dilemas profundos ou experimentar formas mais autênticas de estar no mundo.


Abordagens por eficácia

As meta-análises e revisões sistemáticas pesquisadas permitiram separar, de forma operacional, três faixas de eficácia com base na robustez metodológica, no número de ensaios clínicos randomizados (ECRs) disponíveis e no tamanho de efeito padronizado (Hedges g ou d): alta, média e baixa.

A tabela a seguir sintetiza essa hierarquia; logo depois, apresento a justificativa técnica para cada grupo:

EficáciaParâmetro adotado*
Alta≥ 10 ECRs independentes e efeito médio ≥ 0,60 em várias condições clínicas, com seguimento ≥ 6 meses
Média4–9 ECRs ou efeito médio entre 0,30 e 0,59, resultados consistentes porém com escopo clínico mais restrito
Baixa< 4 ECRs ou efeito < 0,30; evidência baseada em estudos observacionais ou séries de casos

*Valores extraídos diretamente das meta-análises citadas.

Alta

Essas intervenções apresentam maior quantidade de ensaios controlados e tamanhos de efeito robustos. A TCC, por exemplo, exibe g ≈ 0,80 para depressão e ansiedade em meta-análise de > 300 estudos e mantém ganhos em seguimentos de 12 meses ou mais (PubMed).

ACT e REBT também já acumulam dezenas de ECRs multicêntricos, com efeitos superiores a 0,60, indicando benefício clínico claro sobre controles passivos (PubMed Central, PubMed).

AbordagemEvidência-chavePrincipais indicações
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)g≈0,80 para depressão/ansiedade; > 300 ECRs (PubMed Central, JAMA Network)Depressão, TAG, TOC, fobias, insônia
Terapia Racional-Emotiva Comportamental (REBT/TREC)82 estudos; g≈0,67 (PubMed Central)Transtornos de humor, crenças disfuncionais
Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)g≈0,62; resultados mantidos ≥ 6 meses (PubMed, PubMed)Ansiedade, dor crônica, insônia

Média

STPP, Sistêmica/Familiar e Ativação Comportamental possuem evidência positiva, mas mais limitada em quantidade de estudos ou tamanho de efeito. STPP, por exemplo, mostra g ≈ 0,78, porém a maioria dos ensaios foca depressão; ainda faltam dados para PTSD, TOC ou dor crônica (PubMed).

Family-Based Treatment destaca-se na anorexia adolescente, mas resultados são heterogêneos fora desse nicho (PubMed). Ativação Comportamental registra efeitos pequenos-médios (g ≈ 0,30–0,45), suficientes para reduzir sintomas depressivos, embora inferiores à TCC completa (PubMed).

AbordagemEvidência-chavePrincipais indicações clínicas
Psicoterapia Psicodinâmica de Curto Prazo (STPP)g≈0,78, mas nº ECRs menor (ScienceDirect, BioMed Central)Depressão resistente, TP leves
Terapia Sistêmica/Familiarefeitos positivos em anorexia e conflitos parentais (PubMed, BioMed Central)Anorexia adolescente, casais/famílias
Ativação Comportamentalg≈0,30-0,45 (PubMed, JCN)Depressão, comorbidades médicas

Baixa

Humanista/Rogeriana e Gestalt terapia carecem de ensaios randomizados de grande porte. Uma revisão de 2023 sobre terapias humanístico-experienciais encontrou escassez de RCTs e alta variabilidade metodológica, dificultando estimativas confiáveis (Taylor & Francis Online). Gestalt apresenta apenas 11 estudos pequenos, muitos sem grupo-controle (SCIRP).

A literatura Junguiana é majoritariamente observacional; estudos de coorte sugerem melhora global, mas ausência de aleatorização e cegamento reduz a confiança nos achados (PubMed).

AbordagemEvidência disponívelAplicações principais
Terapia Humanista (Centrada na Pessoa, Gestalt-terapia)poucos ECRs; efeitos pequenos/inconclusivos (PubMed Central, SCIRP, ResearchGate)Crescimento pessoal, processos existenciais
Psicologia Analítica (Junguiana)estudos observacionais; falta de ECRs (PubMed Central)Autoconhecimento, integração simbólica

Observação: Uma classificação de “baixa eficiência” não significa que a abordagem seja inútil; apenas indica que, até o momento, faltam evidências comparáveis às psicoterapias baseadas em evidências (TBE). Para objetivos de saúde pública ou planos clínicos com recursos limitados, recomenda-se priorizar intervenções de alta ou média eficiência.


Qual abordagem combina com o seu problema?

Um quizz interativo é uma forma didática e envolvente de te ajudar a refletir sobre suas necessidades emocionais e objetivos com a psicoterapia, orientando qual tipo de abordagem fará mais sentido:

Quiz: Qual abordagem psicoterapêutica combina com você?

1. Qual das opções descreve melhor o seu objetivo?

2. Você prefere uma psicoterapia mais estruturada ou mais livre?

3. Você espera resultados mais rápidos ou está disposto a um processo longo?

4. O que é mais importante para você no psicoterapeuta?


Palavras finais

Escolher uma abordagem psicoterapêutica não precisa ser um obstáculo. O mais importante é dar o primeiro passo e buscar ajuda. Ao conhecer melhor seus objetivos, suas preferências e os tipos de terapia disponíveis, você já está mais preparado(a) para tomar uma decisão consciente e alinhada com o que precisa neste momento da vida.

Lembre-se de que nenhuma escolha é definitiva. Muitas pessoas iniciam uma abordagem e, com o tempo, percebem que outra pode fazer mais sentido. Isso faz parte do processo.

O e

ssencial é encontrar um profissional ético, acolhedor e capacitado, com quem você se sinta à vontade para conversar sobre sua história, seus dilemas e suas metas.

Por fim, respeite seu ritmo. A psicoterapia é um caminho de descoberta e transformação, não uma corrida. Dê-se a chance de explorar, experimentar e ajustar o percurso conforme suas necessidades evoluem. A decisão de cuidar da sua saúde mental é, por si só, um ato de coragem e compromisso com seu bem-estar.


Referências

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