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É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

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Tempo de leitura: 8 minutos

É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Descubra o que diz a psicologia sobre esse dilema afetivo e como lidar com ele com consciência.

É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Você já se sentiu dividido entre duas pessoas, como se seu coração batesse em dois ritmos ao mesmo tempo? Por mais que isso pareça um roteiro de novela, esse dilema é mais comum e mais complexo do que se imagina. Estudos em psicologia afetiva e neurociência do apego apontam que o cérebro humano é perfeitamente capaz de desenvolver vínculos afetivos intensos com mais de uma pessoa simultaneamente.

Neste artigo, você vai descobrir:

  • Se é realmente possível amar duas pessoas ao mesmo tempo;
  • O que dizem as principais teorias da psicologia sobre isso;
  • Como lidar com o conflito emocional e a ambivalência afetiva que esse tipo de situação provoca;
  • E por fim, como transformar esse dilema em um caminho de autoconhecimento e crescimento relacional.

Você sabia?
Um estudo publicado na Archives of Sexual Behavior revelou que cerca de 1 em cada 5 adultos já se sentiu apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo, mesmo em relações consideradas monogâmicas.

A ideia de que o amor romântico deve ser exclusivo é uma construção cultural. Ao longo da história, a humanidade já experimentou diversos arranjos amorosos: do casamento arranjado ao poliamor, do adultério secreto ao chamado amor não exclusivo. E você? Em qual modelo acredita ou sente?


O que motiva alguém a amar duas pessoas?

Será carência, vazio emocional ou apenas má sorte no amor? A verdade é que nenhuma explicação única dá conta da complexidade por trás de um amor dividido. Amar duas pessoas ao mesmo tempo costuma ser o resultado de múltiplos fatores interligados: inconscientes, emocionais, relacionais e até históricos.

Muitas vezes, a pessoa não planeja se apaixonar por duas. Simplesmente se vê envolvida por vínculos afetivos distintos, que a preenchem de formas diferentes.

Principais fatores psicológicos envolvidos:

  • Carências emocionais não resolvidas: busca inconsciente de acolhimento que faltou na infância;
  • Complementaridade afetiva: cada parceiro atende aspectos diferentes da personalidade (ex: um oferece estabilidade, outro paixão);
  • Idealizações projetadas: quando se projeta no outro o que se gostaria de ser ou viver;
  • Histórico de apego inseguro: pessoas com vínculos de apego ansioso ou evitativo podem oscilar entre relações por medo de perder ou de se fundir.

Você sabia?
Segundo a Teoria do Apego, padrões vividos na infância influenciam profundamente como nos relacionamos na vida adulta. Isso pode explicar por que algumas pessoas vivem ciclos repetitivos de desejo simultâneo e afastamento.

     

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Além disso, vivemos em uma era que valoriza tanto a liberdade relacional quanto a intensidade emocional, um coquetel perfeito para o surgimento de apegos múltiplos.

Mas cuidado: o fato de haver motivações legítimas não elimina a necessidade de responsabilidade emocional. Reconhecer o que nos move é o primeiro passo para agir com mais ética relacional e menos impulsividade.


É possível manter dois amores?

A pergunta que não quer calar: Dá para viver dois amores sem causar caos emocional? A resposta curta é: sim, mas exige trabalho psicológico intenso, clareza ética e comunicação impecável. A maioria dos conflitos nesse tipo de vivência não surge por amar duas pessoas, mas por não saber lidar com isso de forma madura e transparente.

Em uma sociedade que ainda valoriza fortemente a monogamia, quem tenta viver o amor de maneira não convencional se depara com julgamentos, inseguranças e até autoacusação. O desafio não está apenas no sentimento, mas em sustentá-lo com coerência e respeito.

Requisitos para uma vivência afetiva não destrutiva

  • Consciência emocional: saber o que se sente e por que se sente;
  • Acordos claros: definir limites, expectativas e o grau de envolvimento de forma compartilhada;
  • Responsabilidade afetiva: cuidar do outro sem manipular, esconder ou prometer o que não pode cumprir;
  • Alfabetização emocional: ser capaz de nomear emoções, ouvir sem reagir defensivamente e validar sentimentos.

Você sabia?
Pesquisas indicam que relações não monogâmicas consensuais, como o poliamor, podem ter níveis de satisfação emocional iguais ou até superiores às relações monogâmicas, desde que haja comunicação aberta e acordos éticos.

A grande chave aqui está na ética relacional. Amar mais de uma pessoa não precisa ser sinônimo de traição, dor ou perda. O que machuca não é a pluralidade do amor, mas a falta de honestidade, clareza e maturidade.


E quando é você quem ama duas pessoas ao mesmo tempo?

Você ama. E sabe que ama. Não é carência, não é carência disfarçada de desejo, nem um erro passageiro. É afeto real, profundo e dividido. Você está apaixonado(a) por duas pessoas. E por mais que isso desafie tudo o que te disseram sobre o amor, esse sentimento insiste em existir.

Mas com ele vêm também a culpa, a confusão e o medo de machucar alguém ou a si mesmo.

Você sabia?
Segundo a Teoria Triangular do Amor, de Robert Sternberg, é possível que diferentes pessoas ativem diferentes componentes do amor: paixão, intimidade e compromisso. Por isso, é psicologicamente possível amar duas pessoas de maneiras distintas, porém igualmente intensas.

O dilema que consome:

  • Com uma, você sente segurança. Com a outra, liberdade;
  • Uma te completa emocionalmente. A outra te provoca intelectualmente;
  • Ambas tocam em lugares diferentes, mas verdadeiros.

E aí surge a pergunta cruel: “Preciso escolher?”

Não necessariamente. Mas você precisa ser honesto com os outros e consigo.
A ambivalência afetiva é um convite ao autoconhecimento. Talvez você esteja buscando, nos dois, partes suas que ainda não se autoriza a viver. Ou talvez precise explorar modelos de vínculo mais autênticos ao que sente, como o poliamor ou outras formas de amor não exclusivo.

Você não é vilão por amar. Mas pode se tornar algoz de si mesmo se ignorar essa verdade.


E quando quem ama duas pessoas é quem está com você?

Nada dói mais do que perceber que o coração de quem você ama pode não ser só seu. Você sente, mesmo sem provas concretas: o olhar distante, as palavras escolhidas com cautela demais, o tempo dividido. E então vem a revelação, dita ou percebida: “eu amo outra pessoa também“.

Nessa hora, o chão emocional se parte. E junto com ele, surgem perguntas dilacerantes:

  • “Eu não fui suficiente?”
  • “É traição mesmo sem toque?”
  • “Como posso competir com alguém que nem pedi para estar aqui?”

Você sabia?
Estudos indicam que o sentimento de rejeição no amor tem efeitos neurológicos semelhantes à dor física real. Ou seja, literalmente dói porque toca áreas cerebrais como a ínsula e o córtex cingulado anterior, ligadas à dor e à exclusão social.

O que fazer quando seu parceiro está dividido?

  • Não sufoque o sentimento, nomeie-o. Reconhecer a dor é o primeiro passo para não ser refém dela;
  • Evite respostas impulsivas. Reagir com raiva ou chantagem emocional pode sabotar sua lucidez;
  • Exija clareza. Você tem o direito de saber com quem está se relacionando — e sob quais acordos afetivos;
  • Busque apoio. Terapia, grupos de escuta, amigos confiáveis: você não precisa lidar com isso sozinho.

No fim das contas, o amor do outro nunca pode valer mais do que o amor que você deve a si mesmo.


Palavras finais

E se, no fim das contas, o problema não for amar demais, mas amar sem consciência? A sociedade nos ensinou a buscar um único grande amor, como se a alma humana fosse programada para amar de forma linear, exclusiva e previsível. Só que a realidade emocional é muito mais fluida. E humana.

Sim, é possível e até comum amar duas pessoas ao mesmo tempo. A psicologia reconhece essa complexidade amorosa como parte da experiência afetiva humana, especialmente em tempos de maior liberdade relacional. Não se trata de imoralidade, fraqueza ou promiscuidade. Trata-se de reconhecer que o amor, por natureza, é dinâmico, multifacetado e nem sempre cabe nas caixinhas sociais.

Mas amar duas pessoas sem consciência, sem ética relacional e sem responsabilidade afetiva tende a gerar mais dor do que prazer, para todos os envolvidos.

Você sabia?
Muitos dos sofrimentos amorosos não vêm do que sentimos, mas de tentar encaixar sentimentos legítimos em moldes que já não nos servem.

Se você se encontra em um dilema afetivo, preso entre o que sente e o que acha que deveria sentir, talvez o melhor caminho não seja escolher entre um ou outro, mas escolher a si mesmo, sua verdade, com coragem e compaixão.

Afinal, o amor só é libertador quando não aprisiona ninguém.

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