Escolher um psicólogo quando se tem (ou desconfia que tem) TDAH é mais do que marcar uma consulta qualquer. É como contratar um guia para uma floresta confusa onde você se perde entre compromissos, perde prazos, e às vezes… perde até o foco no meio da frase.
Este artigo foi escrito com base nos critérios do DSM-5 e da CID-11, os manuais que definem oficialmente o que é TDAH, como ele se manifesta e como deve ser tratado.
Cada seção responde a uma pergunta real de quem está nessa jornada: será que o psicólogo pode diagnosticar? Ele atende adultos? Usa qual abordagem? Cobra quanto? Aceita plano? Vai me ajudar com laudos?
Continue lendo e descubra:
- Se o psicólogo pode realmente diagnosticar TDAH ou só encaminha;
- Qual abordagem funciona de verdade pra quem vive com a cabeça a mil;
- Se dá pra fazer tudo online e sem sair do sofá;
- Como evitar cair nas mãos de quem atende de tudo, mas entende de nada;
- E claro: como garantir um tratamento eficaz, acessível e que cabe na sua rotina (e no seu bolso!).
Ele pode diagnosticar TDAH?
Sim, o psicólogo pode diagnosticar TDAH, sim senhor(a)! Mas com uma pequena vírgula importante: ele precisa usar instrumentos reconhecidos cientificamente e respeitar os critérios do DSM-5 e da CID-11.
Não é no “achômetro” nem com base na intuição de que “fulano é muito agitado“. Tem método, tem teste, tem ciência por trás.
O que o psicólogo faz é uma avaliação psicológica detalhada. Ele observa o comportamento da pessoa, aplica testes padronizados (sim, aqueles que dão dor de cabeça e tédio ao mesmo tempo) e entrevista familiares ou professores, dependendo do caso.
Além disso, o diagnóstico psicológico é mais do que carimbar TDAH no currículo. Ele serve para planejar o tratamento certo, indicar se precisa de encaminhamento para um médico (como um psiquiatra) e ajustar a vida da pessoa à realidade dela.
Atende adultos ou só crianças?
Sim, o psicólogo que trabalha com TDAH pode, e deve, atender adultos também. A ideia de que esse transtorno some quando a gente cresce é um mito mais velho que o primeiro meme da internet.
O TDAH não tem limite de idade pra causar bagunça mental: ele apenas muda de roupa. Em vez de correr pela sala, o adulto com TDAH corre atrás de prazos, tenta lembrar senhas, perde carteira e começa dez projetos, mas termina nenhum.
TDAH em crianças vs. TDAH em adultos:
Crianças | Adultos |
---|---|
Não param quietas | Começam mil coisas, não terminam nenhuma |
Dificuldade em seguir instruções simples | Dificuldade em manter foco em reuniões |
Interrompem a aula o tempo todo | Esquecem compromissos e reuniões |
Perdem lápis, brinquedos | Perdem carteira, chaves, celular (todo dia) |
E não, não é tudo “falta de atenção porque o mundo tá corrido“. O DSM-5 reconhece o TDAH em adultos, e a CID-11 também, com critérios ajustados para essa fase da vida.
Qual é a melhor abordagem terapêutica?
A abordagem mais recomendada para tratar TDAH, segundo o DSM-5 e a CID-11, é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Essa belezura é direta, prática e centrada em resolver problemas do dia a dia.
Nada de ficar filosofando três sessões sobre o desenho que você viu aos quatro anos. A TCC quer saber como você pode hoje parar de esquecer seus compromissos e não virar o rei do “depois eu faço“.
Na TCC, o psicólogo ajuda a pessoa com TDAH a entender o que está por trás da desorganização, da procrastinação e da impulsividade. E mais: ele ensina técnicas reais, tipo usar agenda (e lembrar de olhar!), dividir tarefas em partes menores, respirar antes de sair comprando uma air fryer às 3h da manhã, etc.
Outras abordagens, como a comportamental pura ou até a coaching-terapia, podem complementar, mas a ciência bate o martelo: a TCC é a que tem mais respaldo.
O que a TCC pode ensinar no TDAH:
- Planejar o dia com menos caos;
- Criar rotinas que realmente funcionem;
- Controlar impulsos (tipo interromper os outros ou sair comprando coisas);
- Identificar pensamentos sabotadores do tipo “sou um fracasso” e trocar por algo mais útil.
Faz avaliação neuropsicológica ou encaminha?
Depende! Se ele tiver formação em neuropsicologia, sim, ele mesmo pode fazer a avaliação completa. Mas se for um psicólogo clínico “raiz“, sem a especialização em neuropsicologia, o mais comum é que ele encaminhe pra outro profissional fazer essa parte.
A avaliação neuropsicológica é como uma “radiografia do funcionamento da mente“. Ela analisa memória, atenção, funções executivas e outras habilidades cognitivas que costumam dar pane no TDAH.
Nem todo psicólogo está habilitado pra fazer avaliação neuropsicológica. Essa especialização exige formação extra e um domínio danado dos testes. Então, se você quiser essa avaliação, pergunte se ele é neuropsicólogo ou trabalha em parceria com um.
Essa avaliação é feita com testes padronizados (não, não dá pra colar!) e leva várias sessões. Depois, o psicólogo entrega um laudo que ajudará muito na escola, no trabalho, ou na hora de pedir acompanhamento médico. O diagnóstico fica mais firme que gelatina no congelador.
Tem experiência?
Acredite: isso faz toda a diferença. Um psicólogo que só “atende também” TDAH é tipo um mecânico que conserta carro, moto, geladeira e, se sobrar tempo, também toca sanfona.
Já um psicólogo com experiência real em TDAH respira o assunto, entende as ciladas do transtorno e já viu de tudo. Sesde crianças que não param de pular até adultos que esquecem onde estacionaram o carro… dentro do próprio quintal.
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Experiência aqui não é só tempo de profissão. É quantidade e qualidade de casos atendidos, atualização nos critérios do DSM-5 e CID-11, domínio das estratégias específicas pra TDAH e, principalmente, sensibilidade pra não julgar a pessoa como preguiçosa, avoada ou folgada.
Quer saber se o psicólogo tem experiência mesmo? Pergunte direto. Peça pra ele contar quais métodos usa, como organiza o tratamento, e se já atendeu pacientes com desafios parecidos com os seus.
Psicólogo experiente em TDAH:
- Já trabalhou com crianças, adolescentes e/ou adultos com TDAH;
- Sabe diferenciar TDAH de ansiedade, depressão e cansaço;
- Usa métodos baseados em evidência (tipo TCC);
- Tem estratégias práticas pra impulsividade, desorganização e foco;
- Não julga nem faz “sermão psicológico“.
Atende online ou só presencial?
Hoje em dia, a maioria dos psicólogos que entende das tretas do TDAH atende online, sim! E, olha… isso é quase um presente divino pra quem vive esquecendo horário, perde ônibus, ou troca a terça pela quinta.
Mas ainda tem quem prefira ou só ofereça atendimento presencial, então é sempre bom confirmar antes de marcar e sair (ou não sair) correndo.
O atendimento online é autorizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) desde 2018 e foi turbinado na pandemia.
Dá pra fazer quase tudo por vídeo: avaliação, orientação, terapia e até o tradicional “então, como foi sua semana caótica?”. Desde que o psicólogo siga os protocolos certos (como usar plataformas seguras e manter sigilo), não tem problema nenhum.
Mas atenção: testes neuropsicológicos e avaliações mais complexas às vezes precisam ser presenciais. Não dá pra aplicar certos instrumentos à distância com a mesma precisão.
Se o psicólogo disser “precisamos de uma avaliação mais técnica“, talvez role aquele passeio até o consultório.
Qual é o tempo médio de tratamento?
Não existe uma resposta única, mas a média é de 6 meses a 2 anos. Isso mesmo: o tratamento psicológico pro TDAH não é um miojo emocional que fica pronto em três sessões.
Ele é mais parecido com cuidar de uma horta. Precisa de tempo, paciência e, às vezes, lembrar de regar (o que, ironicamente, quem tem TDAH costuma esquecer).
O tempo vai depender de vários fatores: idade da pessoa, gravidade dos sintomas, presença de outros transtornos (como ansiedade ou depressão), apoio da família e o principal: se a pessoa realmente aplica o que aprende na terapia.
Fatores que influenciam na duração do tratamento:
Fator | Impacto |
---|---|
Grau dos sintomas | Sintomas leves = tempo menor |
Idade | Crianças costumam evoluir mais rápido |
Adesão ao tratamento | Aplicar o que aprende = melhora mais cedo |
Outros transtornos juntos | Pode prolongar o processo |
O psicólogo trabalha com metas pequenas e realistas. Não dá pra prometer que você vai virar o monge da concentração em três meses, mas dá pra comemorar quando você finalmente começa a usar aquela agenda esquecida desde 2018.
Qual é o valor da sessão? Aceita plano de saúde?
O valor da sessão com um psicólogo especialista em TDAH varia mais do que humor de quem dormiu pouco. Mas, em média, fica entre R$ 100 e R$ 300 por consulta.
Em grandes centros urbanos ou com psicólogos superespecializados, pode passar disso. Já em cidades menores, o valor costuma ser mais camarada. O importante é: pergunte sem vergonha. Preço não se adivinha, se pergunta mesmo!
Agora, sobre plano de saúde: alguns psicólogos atendem por convênio, mas a maioria trabalha como particular.
Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), os planos de saúde são obrigados a cobrir terapia, sim! Inclusive pra transtornos como o TDAH, só que com número limitado de sessões, a depender do plano.
E se você está aí pensando “ferrou!“, calma: quando o profissional não atende pelo plano, você pode pedir reembolso, se seu convênio tiver essa opção. Isso se chama “livre escolha“. Só precisa confirmar com a operadora antes e pedir recibo direitinho.
Ele vai te ajudar com laudos para escola/trabalho se necessário?
Sim! Se o psicólogo for registrado no CRP (Conselho Regional de Psicologia) e tiver realizado acompanhamento clínico suficiente, ele pode sim emitir laudos, declarações e relatórios psicológicos válidos para escola, trabalho e até processos judiciais.
Mas atenção: ele não vai fazer isso no primeiro encontro, tipo cartório 24h. Laudo leva tempo, observação e responsabilidade.
Esses documentos são importantíssimos pra garantir adaptações pedagógicas, auxílio no trabalho, benefícios legais e até licenças médicas.
O psicólogo descreve o funcionamento da pessoa com TDAH, os impactos no dia a dia e as estratégias que podem ajudar. Não é só “fulano tem TDAH, beijos“.
Tipos de documentos psicológicos:
Documento | Serve para… |
---|---|
Declaração de comparecimento | Provar que você foi à consulta |
Atestado psicológico | Justificar faltas ou licenças breves |
Relatório psicológico | Explicar o processo terapêutico |
Laudo psicológico | Confirmar diagnóstico e sugerir adaptações |
Vale lembrar:
- Declaração simples (só dizendo que você esteve na consulta) é uma coisa;
- Laudo psicológico é outra. Mais detalhado, técnico e exigente. Cada um serve pra uma finalidade diferente.
Tem boas avaliações?
Sim, ter boas avaliações ou depoimentos de outros pacientes é essencial pra saber se o psicólogo realmente entrega resultado, e não só conversa fiada com cara de quem entende.
Esses feedbacks mostram como foi a experiência real de quem passou pelas sessões, se conseguiram melhorar foco, organizar a vida ou controlar a impulsividade.
- Primeiro, depoimentos mostram histórico: se o psicólogo realmente ajudou pessoas com TDAH, e coragem pra compartilhar evolução, e isso é ouro puro;
- Segundo, você entende se o estilo dele combinou com a realidade de gente igual a você: sem julgamentos, com sintonia e com dicas que funcionam no dia a dia;
- Terceiro, ajuda a criar confiança porque a terapia é parceria, e é mais fácil confiar se alguém já passou por isso e aprovou.
O que buscar nos depoimentos:
- Relatos de melhora no foco, organização ou controle emocional;
- Comentários sobre empatia real do psicólogo;
- Dicas práticas mencionadas que fizeram diferença (agenda, rotina etc.);
- Evidência de continuidade: pacientes que ficaram vários meses e evoluíram
Resumo
Aqui está uma tabela-resumo para ser usado como um guia rápido para leitores apressados (e leitores com TDAH que pularam o texto todo):
Pergunta | Resposta |
---|---|
Psicólogo pode diagnosticar TDAH? | Sim, desde que use critérios do DSM-5/CID-11 e avaliação psicológica estruturada. |
Atende adultos ou só crianças? | Atende os dois! TDAH afeta todas as idades, só muda a forma de aparecer. |
Qual a abordagem mais usada? | Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a mais eficaz e prática pro TDAH. |
Faz avaliação neuropsicológica ou encaminha? | Se for neuropsicólogo, faz. Senão, encaminha pra quem é. |
Tem experiência ou só “atende também“? | Melhor escolher quem tem experiência real com TDAH, não só atende “quando aparece”. |
Atende online ou só presencial? | A maioria atende online sim, com bons resultados e mais praticidade. |
Qual é o tempo médio de tratamento? | De 6 meses a 2 anos, dependendo do caso e da dedicação do paciente. |
Quanto custa e aceita plano? | Em média R$ 100 a R$ 300. Alguns aceitam plano, outros trabalham com reembolso. |
Pode ajudar com laudos pra escola/trabalho? | Sim! Pode emitir relatórios, atestados e laudos, se houver acompanhamento adequado. |
Tem boas avaliações e depoimentos? | Verifique antes de escolher! Feedback real ajuda a saber se o profissional é eficaz. |
Palavras finais
Se você chegou até aqui (e com TDAH, isso já é um milagre digno de aplausos), parabéns: agora sabe tudo o que precisa antes de escolher um psicólogo que realmente entenda do assunto.
A gente desmistificou diagnóstico, tipos de atendimento, abordagens terapêuticas e até quanto isso pode pesar no bolso, sem enrolação e com bom humor.
Em resumo: sim, dá trabalho. Mas é um trabalho que vale cada sessão. TDAH não é frescura, não é moda, e muito menos desculpa, é uma condição legítima que merece acolhimento e tratamento.
E agora que você já sabe o que procurar, não perca tempo: escolha com consciência e comece o quanto antes. Sua versão mais focada, leve e organizada está a poucos cliques de distância.
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