Pessoas com Transtorno bipolar têm dificuldades em manter um relacionamento romântico devido aos muitos sintomas que acompanham o diagnóstico.
A mania e os sintomas de depressão, por exemplo, prejudicam a mútua confiança entre o casal, bem como dificulta a comunicação. A doença também afeta outros aspectos da vida da pessoa, incluindo emprego, funcionamento e interação social.
Por que o relacionamento com um bipolar fracassa?
Uma pessoa diagnosticada com Transtorno bipolar têm variações intensas de humor e no comportamento, às vezes graves e proeminentes.
Embora a medicação e a terapia ajude com essas oscilações, alguns bipolares interrompem o tratamento precocemente, solicitando inconscientemente que o o parceiro se torne o seu cuidador.
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Eventos estressantes, como discussões, desestabilizam o humor de uma pessoa, aumentando os sintomas adversos de bipolaridade. Desse modo, o parceiro sente que está “pisando em ovos” para lidar com o bipolar, por medo de sobrecarregá-lo e fazer com que a situação piore.
É importante salientar que uma pessoa com Transtorno bipolar não desenvolveu habilidades saudáveis de enfrentamento para lidar com seus sintomas.
Aqui estão 10 razões pelas quais o relacionamento com um bipolar fracassa:
Mudanças extremas de humor e comportamento
Os sentimentos do bipolar em relação ao parceiro nem sempre são constantes, pois alterações de humor também mudam a perspectiva do relacionamento, dificultando a construção de confiança.
Sentimentos de depressão levam o parceiro com transtorno bipolar a pensar que:
- Os outros não o entendem;
- Ele está sobrecarregando os outros;
- É melhor ficar sozinho;
- Ele sempre precisa afastar os outros, criando sentimentos ainda mais dolorosos.
Desregulação emocional
A desregulação emocional da pessoa com transtorno bipolar também é desreguladora para o parceiro, fazendo-o viver num constante estado de incerteza, insegurança, impotência e solidão.
O parceiro do bipolar também experimenta hipervigilância e se sente nervoso porque não sabe quando um novo episódio de desregulação emocional surgirá, ou se o bipolar terminará sem motivo.
Raiva bipolar
A irritabilidade é uma característica proeminente da raiva bipolar. Ser diagnosticado com transtorno bipolar geralmente é de difícil aceitação.
Alguns acabam se sentindo com raiva e se ressentindo por terem tirado uma “mão ruim” na vida. Eles sentirão ciúmes porque outras pessoas em sua vida não precisam tomar medicamentos ou certas precauções.
Amigos e familiares não compreendem o bipolar, fazendo com que ele se sinta mais sozinho e desanimado, podendo até desenvolver problemas de abandono.
Desvio da atenção do relacionamento
Um parceiro pode gastar muito tempo e energia cuidando do bipolar. Como resultado, as suas próprias necessidades não serão atendidas.
Como esse parceiro está atento a mudanças no comportamento do bipolar, ou se ele tomou a medicação, pode haver muito ou nenhum tempo para cuidar de si mesmo.
O parceiro pode até desenvolver fadiga de compaixão, esgotamento do cuidador e sentir seus problemas não são importantes.
Estresse decorrente do controle dos sintomas
Gerenciar sintomas é uma rotina diária. Isso significa tomar medicamentos diariamente, buscar apoio externo, consultar um Psicólogo online e utilizar várias estratégias de enfrentamento.
Lidar com todas essas questões se torna algo cansativo e em estresse tóxico. Alguns medicamentos causam sonolência ou dificuldades sexuais, afetando a qualidade do tempo que o parceiro passa com o bipolar.
Comportamentos autodestrutivos
Aqueles com Transtorno bipolar correm maior risco de comportamentos autodestrutivos. É comum apresentar comportamentos impulsivos, como explosões agressivas, gastos excessivos, abuso de substâncias ou alterações frequentes de humor.
O parceiro do bipolar pode não estar disposto a aceitar esse tipo de comportamento, já que isso o coloca em risco.
HipersSexualidade
Durante um episódio maníaco, ocorre a promiscuidade sexual e uma maior necessidade de sexo. O bipolar, que já pode ter poucas habilidades de enfrentamento, não será capaz de controlar seus impulsos e buscará o prazer imediato.
Essa necessidade de prazer leva à infidelidade no relacionamento amoroso. Apesar do bipolar saber que está errado, ele age por impulso, buscando a própria satisfação.
A traição leva à quebra de confiança, e o parceiro pode não estar disposto a continuar após um caso extraconjugal.
Dificuldade na manutenção das rotinas
A rotina é de vital importância no controle dos sintomas da bipolaridade. Evitar os gatilhos e garantir um estilo de vida saudável são formas de diminuir o risco de mudanças de humor.
No entanto, a rigidez desta rotina inibe a espontaneidade do casal, pois o parceiro também segue o horário do outro para evitar as mudanças de humor.
A pessoa com Transtorno bipolar acaba recusando oportunidades de promover o relacionamento para garantir a adesão a tais hábitos.
Como o Transtorno bipolar é frequentemente mal compreendido, o bipolar acaba sendo assediado ou julgado, rebaixando sua autoestima.
A baixa autoestima leva a evitar interagir com outras pessoas e afasta o parceiro. Isso deixa o parceiro socialmente isolado, pois o bipolar não está disposto a passar tempo com amigos ou familiares.
Além disso, se o bipolar viu relacionamentos anteriores falharem quando revelou seu diagnóstico, então é provável que ele não fale sobre seu diagnóstico com o parceiro, dificultando a construção de segurança e confiança.
Dificuldade em formar uma família
Pode chegar um momento no relacionamento em que o casal deseje constituir família. Este sonho será difícil se o bipolar precisar interromper a medicação de modo a evitar complicações na gravidez.
Além disso, indivíduos com Transtorno bipolar apresentam taxas de fertilidade mais baixas por vários motivos, principalmente devido à diminuição da frequência sexual.
Qualquer relacionamento com um bipolar fracassa?
Absolutamente, não! Ser diagnosticado com Transtorno bipolar não torna impossível ter um relacionamento.
Os relacionamentos mais bem-sucedidos são aqueles em que o bipolar está motivado para controlar os sintomas, seguir rotinas e se comunicar com o parceiro. A parte mais importante é que ele reconheça como suas ações impactam os outros.
O relacionamento com um bipolar tende a ter maiores chances de sucesso quando ele desenvolve habilidades de enfrentamento saudáveis, como:
- Ser ativo no uso da medicação e presença na terapia;
- Ser aberto sobre as mudanças de humor e reconhecer os gatilhos;
- Saber quando se afastar de uma briga caso ela fique muito emocional;
- Manter uma dieta saudável;
- Exercitar-se regularmente;
- Evitar drogas e o álcool.
E se ambos os parceiros tiverem Transtorno bipolar?
Quando ambos os parceiros têm transtorno bipolar, cada um apresenta seu próprio desafio. Um deles pode ter mais episódios maníacos enquanto o outro mais episódios depressivos.
A principal preocupação é quando ambos estão envolvidos em comportamentos de risco. Nesse caso, um parceiro potencialmente sabotará o outro, fazendo-o não tomar medicação ou impedindo-o de procurar formas de vida saudáveis.
Um parceiro pode depender tanto do outro que esse outro não presta atenção suficiente aos seus próprios sintomas.
No entanto, o lado positivo é que ambos podem compreender melhor as mútuas necessidades, contando um com o outro para superar o pior dos sintomas.
O que fazer quando o relacionamento com um bipolar fracassa?
Não existe um momento certo para terminar o relacionamento e a decisão caberá inteiramente ao casal. Algumas maneiras de lidar com os desafios e fracassos em um relacionamento bipolar incluem:
Não colocar toda a culpa na desordem
Ter um diagnóstico de Transtorno bipolar não impede ninguém de trabalhar em favor do relacionamento. Todos os casais devem lidar com questões como confiança, comunicação e necessidades pessoais.
Contudo, é fundamental distinguir o que é consequência do Transtorno bipolar e o que está relacionado a outros fatores.
Saber mais sobre o Transtorno bipolar
Conhecimento é poder. Quanto mais alguém sabe sobre o Transtorno bipolar, mais conseguirá identificar gatilhos, bem como estará ciente de situações de risco ou de estresse.
Aprender sobre o transtorno em conjunto com o bipolar é mais valioso do que aquilo que se lê ou pesquisa. O Transtorno bipolar afeta a todos de maneira diferente, e é necessário descobrir como ele afeta o casamento de maneira diferente do de outra pessoa.
Fazer terapia de casal
A terapia de casal é uma forma eficaz de reparar um relacionamento, e portanto não há razão para que ele não seja eficaz se um ou ambos os parceiros tiverem Transtorno bipolar.
A terapia de casal permite que ambos desenvolvam uma comunicação saudável e falem sobre suas necessidades.
O relacionamento é o foco principal desse tipo de terapia. Ele permitirá que os parceiros tragam hábitos saudáveis para o relacionamento.
Aceitar o bipolar por tudo o que ele é
É essencial em um relacionamento saber no que você está se metendo e com quem. Gerenciar os sintomas não é o mesmo que querer que a pessoa mude.
Aceitar o bipolar como ele é oferece um espaço seguro para crescimento e conexão. Querer que ele mude colocará muita pressão e fará com que se sinta constrangido.
Também mostrará que você só se preocupa com ele quando está saudável, e não quando os sintomas estão presentes.
Reformular os próprios pensamentos
Um relacionamento pode terminar por vários motivos, e a pior coisa que alguém pode fazer é culpar a si mesmo ou a seus problemas de saúde mental.
Para aqueles com Transtorno bipolar, culpar-se só irá afastá-lo ainda mais dos relacionamentos e conexões sociais devido à falta de confiança.
Por isso, é essencial conhecer o seu papel na separação e por que ela não durou. Estar mais consciente de suas ações do que das do parceiro é um começo positivo para reformular os próprios pensamentos.
Procurar a ajuda de um Psicólogo
Buscar ajuda profissional precisa ser um esforço de equipe, e assumir muitos problemas sozinho indica que está na hora de buscar ajuda externa.
Sentir-se esgotado ou cansado é outro sinal de que um Psicólogo é necessário. E até mesmo a busca por esse profissional deve ser um esforço de equipe.
No entanto, é importante entender que a terapia individual não substitui a terapia de casal.
Enquanto na terapia individual o tratamento com o bipolar se transfere para o relacionamento, na terapia de casal permite a volta para um estado de bom funcionamento.
Você está precisando de ajuda?
Com mais de 12 anos de experiência, já ajudei mais de 5000 pessoas a superarem algum tipo de sofrimento emocional.
Pensamentos finais quando o relacionamento com um bipolar fracassa
Nem todos os relacionamentos que têm um ou dois parceiros com Transtorno bipolar estão fadados ao fracasso. Como resultado, será necessário um trabalho mais consciente e um maior compromisso.
É possível gerenciar adequadamente os desafios sociais e de relacionamento por meio de habilidades de enfrentamento adequadas e saudáveis. Aderir ao tratamento é fundamental para manter a instabilidade do humor sob controle e diminuir a carga emocional.
O melhor é ser franco e comunicar honestamente o que cada um precisa para ter sucesso no relacionamento.
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