Perguntar sobre as crenças e práticas espirituais e religiosas dos pacientes, se houverem, deve fazer parte da rotina dos Psicólogos.
Isso é verdade para todas as formas de terapia, mesmo quando o Psicólogo não pretende se envolver em nenhum tipo de tratamento orientado espiritualmente.
Com o tempo, a Psicologia tornou-se conhecido por patologizar, ou pelo menos ignorar benignamente, crenças religiosas e espirituais como aspectos do bem-estar psicológico das pessoas.
É comum que os Psicólogos ignorem ou evitem abordar a espiritualidade e a religião dos pacientes na terapia.
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Tais questões são evitadas durante a formação e, portanto, aparentemente irrelevantes para o trabalho clínico.
Afinal, os Psicólogos são profissionais de saúde mental, não membros do clero.
Quem procura terapia também não vê a espiritualidade e as questões religiosas como parte do que ocorre durante a sessão.
Os paciente percebem que os Psicólogos abordam questões de saúde mental, enquanto os membros do clero abordam questões religiosas e espirituais.
Algumas definições
A religião é como um sistema organizado de crenças, rituais, práticas e comunidade, orientado para o sagrado.
Ela tende a se concentrar em organizações formais baseadas em crenças, práticas e tradições especificamente definidas e amplamente aceitas.
A espiritualidade, em contraste, é pensada como uma busca pelo sagrado, um processo pelo qual as pessoas buscam descobrir, manter e, quando necessário, transformar tudo o que consideram sagrado em suas vidas.
Esta é uma experiência muito particular, e não precisa fazer parte de experiências na religião organizada.
Contudo, alguém pode ser religioso, mas não espiritual; e ser espiritual, mas não religioso.
Como isso é relevante para os Psicólogos?
Se o Psicólogo não realiza intervenções baseadas na fé, então a discussão anterior será de pouca relevância profissional.
Afinal, ele sabe que não é preconceituoso, bem como nunca usará as crenças, práticas religiosas ou espirituais dos pacientes contra eles.
Mas, preconceito e parcialidade não são as únicas questões relevantes a serem consideradas.
Existem dados que destacam a necessidade dos Psicólogos conhecerem essas questões, serem sensíveis ao seu possível papel e significado na vida dos pacientes e serem proativos ao abordá-los.
Assim, presume-se razoavelmente, que a religião e a espiritualidade são relevantes para a vida de grande parte dos pacientes com os quais todo Psicólogo entrará em contato.
Embora as questões religiosas e espirituais não sejam o foco principal do tratamento, é provável que tenham sua relevância na vida de cada paciente, ajudando a determinar seus valores, crenças, escolhas de estilo de vida e tomada de decisões.
Assim, os Psicólogos precisam ser sensíveis, conscientes e respeitar todas as diferenças individuais, incluindo crenças, valores e práticas religiosas e espirituais.
Como isso é relevante para a terapia?
Duas razões principais pelas quais a religião e a espiritualidade é tão importante para todo Psicólogo:
- Questões religiosas e espirituais podem levar os pacientes a procurar tratamento, incluindo conflitos sobre valores religiosos, crises de fé, sentimentos de alienação da própria religião e distorção de crenças e práticas religiosas, entre outros;
- As crenças religiosas, espirituais e sua comunidade de fé podem ser fontes de força e apoio, que são acessadas no decorrer da terapia, de modo a ajudar os pacientes a atingir seus objetivos de tratamento.
Assim, ignorar intencionalmente ou evitar abordar as crenças e práticas religiosas e espirituais de cada paciente pode ser um grande desserviço à eles.
É importante ressaltar que não são as crenças, valores e práticas do Psicólogo que são de maior importância aqui: são as do paciente.
Implicações para a prática clínica
Durante a fase de avaliação do tratamento, todos os pacientes precisam ser questionados sobre religião e espiritualidade. Mas, isso não significa que abordá-las será o foco da terapia.
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Em vez disso, levantar essas questões ajudará a promover a tomada de decisão autônoma de cada paciente sobre o seu plano de tratamento.
Se essas questões nunca forem consideradas, os pacientes vão presumir que elas não são importantes para o Psicólogo. Assim, é fundamental informar que religião e espiritualidade poderão ser adequadamente abordadas, se assim ele o desejar.
Perguntas específicas que podem ser feitas incluem:
- A formação religiosa e espiritual do pacientes;
- Práticas atuais;
- Seu papel no passado e no presente da vida do paciente;
- Quão importantes são para o paciente, bem como a influência sobre seus valores e crenças;
- Se questões relacionadas a sua religião ou espiritualidade são relevantes para as razões para procurar tratamento;
- Se desejam discutir essas questões com o Psicólogo;
- Se o Psicólogo pode consultar seu líder religioso.
Principais questões éticas
Uma série de questões éticas devem ser consideradas para abordar de forma ponderada e apropriada questões, crenças e práticas religiosas e espirituais em terapia.
Os princípios éticos dos Psicólogos abordam muito claramente sobre diversidade e diferenças individuais no Art. 2º, item “b” do código:
- “b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;”
Embora muito tenha sido escrito em outros lugares sobre essas importantes questões éticas, cada uma delas será destacada brevemente aqui:
Termo de consentimento livre e esclarecido
Os pacientes têm o direito de receber todas as informações que possam razoavelmente influenciar ou impactar sua decisão em iniciar uma terapia.
O termo de consentimento livre e esclarecido precisa abordar todas as opções de tratamento razoavelmente disponíveis, bem como seus riscos e benefícios relativos.
Assim, espera-se que a menção de questões religiosas e espirituais e sua possível relevância para o tratamento seja vista como essencial.
Competência clínica
Para fornecer uma terapia de qualidade aos pacientes, os Psicólogos devem educar-se sobre as principais religiões, crenças e práticas espirituais.
Eles também devem conhecer os limites de seu conhecimento e experiência clínica, buscando a consulta de colegas especialistas e de membros do clero quando não tiverem certeza do que fazer, bem quando enfrentarem situações clínicas fora de sua competência.
Os Psicólogos precisam garantir que têm treinamento abrangente e supervisão clínica antes de tentar integrar práticas religiosas ou espirituais à terapia.
Consulta e elaboração com outros profissionais
Em geral, quando confrontados com desafios e dilemas, e com o consentimento do paciente em compartilhar informações específicas sobre ele, os Psicólogos devem consultar colegas experientes e membros do clero de forma contínua.
Às vezes, é fundamental colaborar com membros do clero no tratamento de um paciente.
Novamente, isso só deve ser feito com a prévia autorização por escrito do paciente. Mas, às vezes, essa colaboração pode também ser do interesse dele e, portanto, deve ser considerada.
Limites e múltiplas relações
Ao abordar questões religiosas e espirituais em terapia com seus pacientes, os Psicólogos precisam evitar a transferência, ou seja, acabarem sendo vistos no papel de clero.
Os Psicólogos também devem ser cautelosos ao impor seus valores aos pacientes, bem com adotar uma abordagem prescritiva no tratamento.
Integrando religião e espiritualidade com a terapia
Existe uma ampla gama de intervenções, algumas das quais podem ser apropriadas para alguns pacientes (se o consentimento foi empregado adequadamente e o Psicólogo possui a competência clínica), enquanto outras são inadequadas e até prejudiciais.
A integração de temas religiosos e espirituais na terapia varia desde fazer perguntas sobre as crenças, valores e práticas de um paciente, até recomendações baseadas em valores específicos e envolvimento em atividades e práticas religiosas, como meditação ou oração.
Existem vários modelos de tomada de decisão que são úteis para o Psicólogo na tomada de decisões ponderadas e informadas sobre como e quando abordar questões religiosas e espirituais com pacientes, e como e quando não integrar intervenções religiosas e espirituais.
Um modelo abrangente de tomada de decisão inclui:
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- Avaliar respeitosamente as crenças e preferências religiosas ou espirituais do cliente;
- Avaliar cuidadosamente qualquer conexão entre o problema apresentado com as crenças e compromissos religiosos ou espirituais;
- Incluir os resultados desta avaliação no termo de consentimento livre e esclarecido;
- Considerar a contratransferência do Psicólogo para a religiosidade do cliente;
- Avaliar a competência para o caso do paciente;
- Consultar especialistas na área de religião e terapia;
- Se apropriado, clinicamente indicado e o paciente der consentimento, consultar o líder espiritual do paciente ou outro profissional religioso;
- Decidir sobre tratar o paciente ou fazer um encaminhamento;
- Avaliar os resultados e ajustar o plano de acordo.
Considerações finais
Espero que este breve artigo forneça uma introdução a este tópico, e que os Psicólogos:
- Busquem educação contínua sobre religião e espiritualidade;
- Como ela afeta a saúde mental dos indivíduos;
- Como ela é relevante para a terapia;
- Como ela pode ser abordada e integrada quando as questões éticas mencionadas anteriormente forem cuidadosamente consideradas e abordadas;
- Tornem-se educados e informados sobre questões religiosas e espirituais;
- Façam consultas contínuas e colaborem com outros profissionais;
- Mantenham limites apropriados;
- Pratiquem a terapia dentro de suas competências clínica;
- Utilizem um processo de tomada de decisões ponderado;
Está claro que os Psicólogos não precisam e não devem se esquivar dos domínios religiosos e espirituais da vida das pessoas.
Ajudar os pacientes a utilizar suas crenças e práticas espirituais e religiosas como recursos para seu bem-estar mental e emocional reduz o sofrimento.
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