A vida não é mais como a conhecemos, e se você se sente socialmente desconectado as coisas podem ser ainda piores. A pandemia do coronavírus se espalhou pelos continentes e nos impediu de experimentar a vida como normalmente faríamos.
O distanciamento social está em pleno vigor. A sensação de estar socialmente desconectado está afetando nossa saúde física e mental e, sem surpresa, muitos de nós estamos nos sentindo mais solitários do que nunca.
Somos seres sociais. De uma perspectiva evolucionária, as relações sociais foram essenciais para nossa sobrevivência, e ainda são. Na verdade, a conexão social é um dos aspectos mais fundamentais da vida humana e é vital para o nosso bem-estar.
Sentir-se socialmente desconectado ou negligenciado pelos outros não apenas provoca estados emocionais dolorosos, mas também frustra uma necessidade humana básica: a necessidade de relacionamento.
No entanto, assim como a sede age como um sinal para que bebamos água, os estados emocionais dolorosos servem de sinal para buscarmos uma maior conexão com os outros.
A conexão social tem uma influência poderosa na saúde e na longevidade. Pessoas que se sentem mais conectadas a outras, por exemplo, apresentam menores taxas de:
- Depressão;
- Ansiedade e;
- Menor risco de suicídio.
No entanto, os efeitos negativos da sensação de estar socialmente desconectado não são apenas emocionais. Eles também afeta negativamente nossa saúde física, incluindo:
- Pressão alta;
- Hormônios do estresse elevados e;
- Função imunológica prejudicada.
Alguns traços de personalidade dificultam o envolvimento em relacionamentos interpessoais estáveis, e um deles é o perfeccionismo.
Perfeccionismo é um traço de personalidade que envolve o estabelecimento de padrões irracionais, acompanhado por uma autocrítica severa.
Embora eles sejam movidos por necessidades relacionais extremas e frustradas para obter aprovação e aceitação, existem vários motivos pelos quais o perfeccionista é responsável por sentir-se socialmente desconectado.
- O perfeccionista se submete a esforços incessantes, envolvendo um foco individualista desequilibrado na obtenção de realizações. Ele valoriza a competição em vez da colaboração. Sua fixação em competição e realização tem um custo, pois ele evita formar relacionamentos significativos com outras pessoas;
- O perfeccionista também é mais propenso a se sentir socialmente desconectado porque exibe crenças disfuncionais e irracionais em relação às suas relações sociais, ao lado de uma elevada sensibilidade interpessoal. Uma hipersensibilidade a encontros interpessoais e uma incapacidade percebida de agradar os outros deixa o perfeccionista cronicamente predisposto à desconexão social subjetiva. Isso é importante porque a desconexão social subjetiva é um indicador muito mais forte de resultados adversos para a saúde do que a desconexão social objetiva.
Uma pessoa com altos níveis de perfeccionismo corre o risco de apresentar sintomas depressivos e ideação suicida porque experimenta intenso sentimentos de isolamento, alienação e solidão.
A dor psicológica que resulta da sensação de estar socialmente desconectado pode ser incrivelmente profunda. Na verdade, as experiências de rejeição e exclusão social são consideradas algumas das experiências mais dolorosas que podemos suportar, e são sentidas de forma mais aguda pelo perfeccionista.
A dor profundamente perturbadora da rejeição faz com que os perfeccionista esteja altamente sintonizado com a necessidade de conexão social, resultando na intensificação de comportamentos perfeccionistas.
No entanto, as percepções do perfeccionista é frequentemente distorcida, de modo que ele vê os outros como perpetuamente desapontados, excessivamente críticos e rejeitadores. Do outro lado os outros consideram o perfeccionista como ingênuo, frio ou distante.
Infelizmente, o comportamento do perfeccionista é contraproducente, o que significa que ele realmente cria uma maior desconexão social dos outros.
Na pandemia atual, o perfeccionista dá mais atenção à formação e manutenção de relacionamentos íntimos, que são essenciais para uma existência significativa e está profundamente presente em nossa constituição evolucionária.
Talvez agora, mais do que nunca, possamos estender a mão para outras pessoas e formar um senso de solidariedade e conexão.
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